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China, EUA, Hong Kong e Macau presentes nas eleições de Taiwan

Pequim e Washington observam de perto e jogam as últimas cartas nas eleições de sábado em Taiwan, onde também estão ativistas de Hong Kong e Macau, sendo esperada uma viragem política e um reajustamento dos laços com a China.

China, EUA, Hong Kong e Macau presentes nas eleições de Taiwan
Notícias ao Minuto

07:55 - 15/01/16 por Lusa

Mundo Escrutínio

Do lado da China, a liderança, incluindo o Presidente chinês, Xi Jinping, já deixou claro que o próximo líder da Formosa deve aceitar que a ilha é parte integrante da China, se não quer correr o risco de deteriorar ou fazer colapsar as relações bilaterais.

E para que tal fique mais claro, o ex-comandante da Região Militar de Nanjing Wang Hongguang afirmou, numa publicação militar, que se a líder da oposição, Tsai Ing-wen, do independentista Partido Democrático Progressista (PDP), ganhar as eleições de sábado, se nega a aceitar o "Consenso de 1992" e vai "tremer a terra" entre Taiwan e a China.

Este consenso tácito, concluído em 1992, determina a existência de "uma única China", deixando a cada parte a interpretação deste princípio.

Se vencer Tsai, de 59 anos, como antecipam as sondagens, tornar-se-á na primeira mulher na presidência da República da China.

Sucederá a Ma Ying-Jeou, membro do Kuomintang (KMT) e líder de uma política inédita de oito anos de aprofundamento dos laços com Pequim, que resultou, em novembro, numa histórica cimeira bilateral entre Ma e o presidente chinês, Xi Jinping, 66 anos depois da violenta separação entre os dois lados do estreito.

O militar Wang Hongguang advertiu "as forças independentistas" para não desprezarem a "determinação chinesa" de "reunificação" e que a oferta de Tsai de "manter o 'status quo'", "comunicação", "não provocação" e "sem surpresas" é insuficiente para evitar um conflito.

Numa outra ação -- que recebeu grande cobertura na ilha e declarações de todos os partidos contra a China --, o fabricante chinês de telemóveis Huawei suspendeu um contrato publicitário da cantora de Taiwan Tzuyu.

Tzuyu, de 16 anos e membro do grupo musical Twice, saiu de um programa de televisão sul-coreano com a bandeira de Taiwan e foi acusada pela Huawei de "ter ferido os sentimentos do povo chinês", segundo o diário sul-coreano Chosun Ilbo. Além disso, todas as atuações em que ia participar foram canceladas na China.

Dos Estados Unidos surgiram, na quarta-feira, declarações de três ex-secretários da Defesa a favor da continuidade da política em relação à China, em especial, no domínio económico, e ao final de quinta-feira, Washington anunciou o envio de emissários a Pequim e a Taipé.

Na próxima semana, o subsecretário de Estado, Antony Blinken, visitará Pequim, no quadro de uma visita à Ásia, e reunir-se-á com o responsável pelo Gabinete de Assuntos de Taiwan, Zhang Zhijun, indicou o Departamento de Estado norte-americano. Acrescentou que para Taiwan segue um ex-alto funcionário da Administração norte-americana, identificado por outras fontes como o antigo secretário de Estado William Burns, que se reunirá, por seu turno, em Taipé, com o Presidente Ma Ying-jeou e com Tsai.

A Casa Branca afirmou que vai respeitar os resultados das eleições e sublinhou a sua intenção de cooperar com o vencedor, ao mesmo tempo que elogiou a "vibrante democracia" da ilha, segundo declarações do assessor adjunto de Segurança Nacional, Ben Rhodes.

Entretanto, ativistas de Hong Kong e Macau, as duas regiões da China com administração especial, estão em Taiwan, onde observam as eleições na ilha.

"Invejamos este ambiente eleitoral de Taiwan. Nós temos uma situação muito difícil", disse Paul Lim, que participou nos protestos pró-democracia de Hong Kong no final de 2014.

Para os ativistas da Associação Novo Macau, citados pelo Jornal Tribuna de Macau, Taiwan é "um bom exemplo de democracia na Grande China" e "tem muito" para ensinar ao território que foi administrado por Portugal até 1999, "sobretudo por já ter conseguido criar uma sociedade mais envolvida na política".

A independentista União Solidariedade de Taiwan (UST) e o Partido Taiwan Livre estão a utilizar na campanha eleitoral o lema "Impedir que Taiwan se converta em outra Hong Kong", face ao "não" de Pequim em aceitar o sufrágio universal pleno, sem restrições, na Região Administrativa Especial chinesa.

"O modelo 'um país, dois sistemas' fracassou em Hong Kong e não podemos aceitá-lo em Taiwan e muito menos com as últimas ações chinesas, que incluem o sequestro de livreiros", disse hoje o presidente da UST, Huang Kun-kui, durante um comício em Taipé.

Taiwan é independente desde 1949, data em que os nacionalistas do KMT ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelos comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China.

Pequim considera Taiwan parte da China, que deverá ser reunificada, se necessário, pela força.

Durante o percurso da China em direção à posição dominante que ocupa agora no mundo, Taiwan foi sendo progressivamente marginalizada na cena diplomática, sendo apenas oficialmente reconhecida por 22 países.

A ilha mantém laços informais com os Estados Unidos da América.

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