Kaku espera que acelerador de partículas crie matéria negra
O físico Michio Kaku, que vai estar pela primeira vez em Portugal este mês, disse em entrevista à Lusa esperar que o acelerador de partículas LHC permita produzir matéria negra para que os investigadores possam estudá-la.
© Reuters
Mundo Físico
A nona conferência QSP Summit, que se realiza a 12 de março na Exponor, Matosinhos, vai contar este ano com a participação do físico e futurista norte-americano Michio Kaku, responsável por várias obras de ciência e coautor da Teoria das Cordas, numa edição dedicada ao tema "The Future Trends".
Questionado sobre qual será o próximo passo para o CERN (Organização Europeia para a Física Nuclear), depois da descoberta do bosão de Higgs [partícula responsável pela criação de massa no Universo, também conhecida como a 'partícula de Deus'], Michio Kaku considerou que será "encontrar superpartículas que estão previstas no modelo da Teoria das Cordas".
"É o que eu faço na vida [Teoria das Cordas] e sou pago para o fazer", acrescentou.
Esta é uma teoria que se baseia em pequenas cordas que vibram, de forma que cada vibração corresponde a uma partícula subatómica, combinando a gravidade com a teoria quântica.
A Teoria das Cordas, explicou, prevê a existência de altas e baixas frequências.
"Nós somos a mais baixa vibração da vibração das cordas. Tudo [o que existe] é como um elástico e os elásticos estão a vibrar numa baixa frequência. Isso é o nosso mundo, mas há altas frequências e pensamos que isso é a matéria negra", prosseguiu.
"Sabemos que a matéria negra existe. Vemos evidências de matéria negra em toda a parte, mas a matéria negra é invisível. Como é que podemos testar a matéria invisível? Com o acelerador de partículas esperamos produzir matéria negra no laboratório e estudá-la", salientou Michio Kaku.
"A Teoria das Cordas prevê a existência da matéria negra e ainda prevê a natureza da mesma", pelo que "esperamos iniciar o processo de procurar matéria negra quando o acelerador de partículas for ligado em março deste ano", adiantou.
O Grande Colisionador de Hadrões (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, vai voltar a funcionar este mês, com quase o dobro da energia da primeira fase de exploração, de acordo com o CERN, depois de uma paragem técnica de cerca de dois anos.
Questionado sobre quais são os seus argumentos para aposta em programas científicos como o CERN, onde a aplicação prática das experiências nem sempre são automaticamente óbvias, Michio Kaku apontou que em primeiro lugar, a ciência leva à criação de "produtos comerciais que mudem a vida" de todos.
E exemplificou: "Tal como aconteceu com o programa espacial que nos deu a revolução dos computadores, a monitorização do processo em foguetões levou a que os transístores se tornassem mais pequenos e é por isso que temos hoje a revolução dos computadores".
E o mesmo "acontece com o acelerador de partículas", acrescentou.
"Em segundo lugar, há as nossas eternas questões sobre a génesis [criação do mundo], sobre o que tudo significa, que são questões filosóficas. E é isso que tem a ver o acelerador de partículas: tenta recriar numa escala mínima a génesis. Estamos a falar em recriar o grande momento na história do Universo e isso é o seu nascimento", concluiu.
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