Pena de morte para cidadão iraniano-alemão? "Inaceitável", diz Berlim
A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã defendeu, esta terça-feira, que a sentença de morte do iraniano-alemão Jamshid Sharmahd é "absolutamente inaceitável", sublinhando que não houve um julgamento justo.
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Mundo Annalena Baerbock
"Não só a pena de morte é cruel, desumana e degradante, como Jamshid Sharmahd não teve em momento algum um julgamento justo: não teve acesso a assistência jurídica da sua própria escolha", disse Annalena Baerbock.
A ministra falava à imprensa à margem de uma visita a uma zona atingida pelo terramoto que abalou a Turquia e a Síria.
"As notícias do Irão são chocantes. A sentença de morte proferida num procedimento que não respeita o Estado de direito é contrária ao direito internacional e aos direitos humanos, razão pela qual a condenamos", disse a ministra.
Jamshid Sharmahd, cuja detenção foi divulgada em agosto de 2020, foi condenado à morte pelo seu alegado envolvimento num ataque ocorrido em 2008, informaram hoje as autoridades judiciais de Teerão.
"Jamshid Sharmahd, o líder do grupo terrorista de Tondar, foi condenado à morte por corrupção, por planear e dirigir ações terroristas", refere-se na nota divulgada.
O detido, de 66 anos, foi levado perante um tribunal em Teerão em fevereiro de 2022 sob a acusação de participar num ataque a uma mesquita em Shiraz, no sul, que matou 14 pessoas em abril de 2008.
O tribunal também o acusou de ter mantido contactos com "agentes do FBI e da CIA" e de ter "tentado contactar agentes israelitas da Mossad".
Quando anunciou a detenção em 2020 de Sharmahd, então residente nos Estados Unidos, o Irão referiu tratar-se de uma "operação complexa", sem especificar onde, como ou quando o suspeito foi detido.
Na opinião da chefe da diplomacia alemã, "a exposição pública de Jamshid Sharmahd equivaleu a uma condenação prévia".
Annalena Baerbock garantiu que desde a sua prisão, "em circunstâncias muito duvidosas", a Alemanha tem intervindo "constantemente a alto nível em nome de Sharmahd".
"Estes esforços intensos têm sido ignorados pelo Irão, e tem-nos sido constantemente negado o acesso consular e o acesso às datas dos julgamentos", revelou.
Nesse sentido, a ministra alemã apelou ao Irão para "remediar estas deficiências durante o processo de recurso, corrigir o julgamento em conformidade e renunciar à pena de morte".
"A aplicação da pena de morte a Sharmahd resultará numa reação significativa", avisou ainda.
Nascido em Teerão, Sharmahd vivia nos Estados Unidos desde 2003, onde era notoriamente conhecido pelas suas declarações anti-República Islâmica nos canais de satélite de língua persa.
Em janeiro, Teerão provocou uma onda de indignação internacional após a execução do antigo oficial de defesa Alireza Akbari, um homem iraniano-britânico condenado por espionagem.
Jamshid Sharmahd é o segundo ocidental em risco de execução.
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