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ONG lamenta "política cruel" de Londres de deportar migrantes para Ruanda

A Amnistia Internacional (AI) lamentou hoje que o Governo britânico não tenha aproveitado o cancelamento na terça-feira de um voo para Kigali para "abandonar a política cruel" de deportar requerentes de asilo para o Ruanda.

ONG lamenta "política cruel" de Londres de deportar migrantes para Ruanda
Notícias ao Minuto

14:39 - 15/06/22 por Lusa

Mundo Amnistia Internacional

"O cancelamento do voo da noite passada deveria ter-se convertido no momento em que o Governo abandonava esta política cruel, mas vergonhosamente parece ter acontecido o contrário", lamentou Sacha Deshmukh, editor-executivo da organização não-governamental (ONG) no Reino Unido, num comunicado.

O responsável lembrou que "as pessoas que iam ser expulsas na noite passada para o Ruanda não fizeram mais do que exercer o seu direito de pedir asilo no Reino Unido".

"Todo este esquema mal concebido é uma desesperada e deprimente repetição de um acordo semelhante e já abandonado que foi alcançado por Israel e que também contemplava a expulsão para o Ruanda de refugiados e requerentes de asilo", recordou.

Deshmukh argumentou que esta política "desastrosa (...) é um abandono claro e vergonhoso das responsabilidades de Reino Unido sob a Convenção para os Refugiados".

"É um espetáculo vergonhoso. O Governo está a destruir o sistema de asilo e a pôr pessoas vulneráveis numa provação intolerável", disse.

O Reino Unido cancelou na terça-feira à noite o seu primeiro voo de deportação para o Ruanda, após uma intervenção de última hora do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que decidiu haver "um risco real de danos irreversíveis" aos requerentes de asilo.

O voo seria realizado ao abrigo de um acordo com o Ruanda que permite às autoridades britânicas enviar para o país africano os requerentes de asilo que cruzem o canal da Mancha.

O acordo tem um custo de 120 milhões de libras (144 milhões de euros) e incidirá principalmente em homens sem responsabilidades familiares que chegam ao Reino Unido através de embarcações ou camiões, que poderão solicitar asilo no Ruanda e não no Reino Unido.

As organizações de defesa dos direitos humanos advogam que as autoridades britânicas estão a violar as suas obrigações em matéria de proteção ao realizar expulsões que, em seu entender, implicam externalizar responsabilidades para um terceiro país, que não é origem dos cidadãos afetados.

Os líderes da Igreja Anglicana juntaram-se à oposição, chamando a política do Governo de "imoral".

Após o cancelamento do voo, o Governo de Boris Johnson deixou claro que continuará a tentar enviar os requerentes de asilo para o Ruanda.

A ministra do Trabalho, Therese Coffey, assegurou, em entrevista à BBC, que "os advogados do Ministério do Interior já estão a trabalhar nos próximos passos" e a "preparar o voo seguinte".

Leia Também: Ruanda lamenta cancelamento do 1.º voo de migrantes e reitera compromisso

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