Pais e habitantes da aldeia dos Caretos Património da Humanidade, no distrito de Bragança, manifestaram-se em maio contra a decisão de encerrar o infantário e transferir as 12 crianças inscritas para o polo da sede de concelho em Macedo de Cavaleiros.

O grupo parlamentar do Partido Comunista Português (PCP) questionou o Ministério da Educação sobre o assunto e na resposta, tornada hoje pública pela concelhia de Macedo de Cavaleiros, a tutela refere que "em rigor, o jardim de infância de Podence já devia ter sido objeto de extinção" há 16 anos.

O Ministério esclarece que o encerramento está previsto e aprovado no reordenamento planeado na Carta Educativa e devia ter ocorrido "apôs a construção do centro escolar de Macedo de Cavaleiros", especificando a data 30 de outubro de 2006.

O encerramento ocorrerá no próximo ano letivo e as crianças que frequentavam o infantário de Podence passarão para o polo na sede de concelho, depois de ouvidas todas as entidades locais e com a aprovação por unanimidade do Conselho Municipal de Educação, como salienta a tutela.

Para a concelhia do PCP de Macedo de Cavaleiros, "a resposta recebida pelo Ministério da Educação confirma a responsabilidade da câmara municipal, liderada pelo PS, e dos vereadores do PS e PSD que compõe o seu executivo, bem como do presidente de junta de Podence e Santa Combinha, do Conselho Municipal de Educação e do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros".

O partido refere, em comunicado, que o reordenamento da rede escolar que tem vindo a encerrar escolas no meio rural é "uma estratégia errada, que não tem em conta a realidade concreta de quem dista vários quilómetros da sede do concelho, nem tão pouco respeitam o direito dos que vivem nas aldeias, reduzindo estas crianças a números".

A concelhia do PCP promete que "permanecerá atenta a futuros desenvolvimentos desta estratégia de ataque à escola pública, na expectativa que esta não venha também a atingir o infantário de Vale da Porca e de Morais ainda em funcionamento" no concelho de Macedo de Cavaleiros.

Um grupo de habitantes e pais denunciou o encerramento e protestou, a 17 de maio, em frente à escola com o argumento de que são precisas crianças na aldeia do Entrudo Chocalheiro, para preservar a tradição dos Caretos elevados a Património Imaterial da Humanidade.

Dos 12 meninos que estavam este ano inscritos no infantário apenas um é de Podence e os restantes são de várias aldeias em volta.

Os contestatários alegam que as crianças vão passar a fazer uma viagem mais longa, pois terão que passar por mais aldeias até chegar ao polo de Macedo de Cavaleiros, enquanto o município alega que serão "só mais cinco ou seis minutos" do que atualmente.

A decisão é também sustentada pela alegada falta de segurança para as crianças devido ao fluxo de turistas que visita a aldeia, com a Casa do Careto mesmo em frente ao edifício da escola.

A autarquia argumenta ainda que a transferência para o polo de Macedo de Cavaleiros "vai ser benéfica para as crianças" porque "vai-lhes permitir conviver com mais crianças, lidar com novas realidades e frequentar um espaço educativo com melhores condições do que em Podence".

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