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Luta pelos direitos não se vence com ideologias, mas com inteligência

O Nobel da Paz José Ramos-Horta defendeu hoje em Gaia que a luta pelos direitos e pela justiça "não se vence com ideologias, dogmas ou extremismos", mas sim "utilizando a cabeça".

Luta pelos direitos não se vence com ideologias, mas com inteligência
Notícias ao Minuto

13:25 - 14/09/19 por Lusa

País José Ramos-Horta

"Os grandes processos da paz não têm linha reta, há desafios pelo caminho. Não podem existir dogmas. Eu digo sempre, lutamos pela justiça, lutamos pela democracia, pelos direitos humanos, pelas nossas convicções, mas usamos também a cabeça", afirmou José Ramos-Horta.

Ramos-Horta, que falava hoje durante a conferência 'E depois do conflito - a missão de construtores da paz' que decorreu na biblioteca municipal de Gaia, defendeu que, atualmente, só através da "inteligência" é que se "vencem as grandes batalhas".

"É com a cabeça, inteligência que conseguimos vencer as grandes batalhas, não é com dogmas, não é com ideologias, não é com extremismos. Vencemos utilizando a cabeça", frisou.

Durante a conferência, Ramos-Horta aproveitou para contar a sua experiência enquanto "construtor da paz" em Timor-Leste e salientou o processo de reconciliação com a Indonésia, segundo o qual só foi possível através da "verdade".

"Para chegarmos à amizade, precisamos de estabelecer a verdade. Hoje, não há países na Ásia que tenham melhor relação do que Timor e a Indonésia", disse, acrescentando que os dois países são também os que têm "melhores regimes democráticos".

Na sessão, onde estavam mais de uma centena de participantes, o Nobel da Paz Ramos-Horta descreveu também a sua experiência e convivência com Nelson Mandela durante o processo de independência de Timor-Leste e recordou-o como "um gigante da história".

Além de narrar os vários momentos que passou enquanto "construtor da paz" em Timor-Leste, Ramos-Horta mencionou o "poderoso e simbólico o vídeo de despedida" entre o ex-presidente timorense Xanana Gusmão e o presidente indonésio que permitiu o referendo de independência do território, Bacharuddin Jusuf Habibie, antes da sua morte.

O vídeo mostra Xanana Gusmão, que se tornou Presidente de Timor Leste depois de o país ter alcançado a independência em 1999, a visitar Bacharuddin Jusuf Habibie no hospital em Jacarta e a beijá-lo na testa.

"Não há nada mais poderoso e simbólico do que aquela imagem de reconciliação", concluiu Ramos-Horta.

A conferência 'E depois do conflito - a missão de construtores da paz' prolonga-se durante esta tarde com os testemunhos e as experiências de vida de "figuras que tiveram um importante papel na construção da paz" em Timor-Leste, África do Sul, Guiné-Bissau, Moçambique, Colômbia, Venezuela, Argentina e Senegal.

"É uma grande conferência, com nomes muitíssimo importantes, com histórias e experiências de países que, muitos deles, ainda estão, hoje em dia, a tentar construir a paz", frisou Rui Marques, presidente do Instituto Padre António Vieira (IPAV), a instituição que coordena a iniciativa.

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