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Seguro obrigatório em Angola gera filas e centenas de multas

Filas nas seguradoras, centenas de multas emitidas diariamente pela polícia e a preocupação estampada nos rostos da população marcam os primeiros dias de exigência do seguro automóvel obrigatório em Angola.

Seguro obrigatório em Angola gera filas e centenas de multas
Notícias ao Minuto

09:29 - 06/07/14 por Lusa

Mundo Exigência

Cumprindo o aviso prévio, os agentes da Policia Nacional angolana não facilitam e desde 01 de julho que a fiscalização, bem como as multas, apertam em todo o país. Só na sexta-feira, apenas na cidade de Luanda, foram levantados 300 autos de contraordenação por falta de seguro obrigatório.

O tema tornou-se obrigatório em todas as conversas, conforme a Lusa constatou pelas ruas de Luanda, sobretudo porque as multas chegam aos 33.176 kwanzas (248 euros), valor que contrasta com um salário mínimo mensal que não ultrapassa os 22.504,50 kwanzas (168 euros), além da apreensão da viatura.

"Já tive que pedir muito a um polícia para não me passar a multa. Graças a Deus ele foi compreensivo", contou à Lusa Cristina Rangel, que acabou por "desenrascar-se" com um seguro de cerca de 40 mil kwanzas (300 euros).

Perante a confusão dos últimos dias, esta angolana acabou por não olhar a preços, à procura da seguradora "mais vazia".

"Tive de arranjar um esquema porque não estava para ficar naquelas filas enormes. Foi difícil, esperei pelo último dia porque estava dependente do salário e tive que andar muito, estavam todas cheias, muita confusão", confessou.

Embora definido formalmente como obrigatório, Angola viveu nos últimos anos com o fechar de olhos das autoridades às viaturas que circulavam sem seguro de responsabilidade civil.

Perante críticas à morosidade das seguradoras em cobrir prejuízos dos acidentes e face à ausência de fiscalização nos últimos anos, a situação chegou ao ponto de, segundo as autoridades, apenas três por cento do parque automóvel, que ronda o meio milhão de viaturas, estar seguro.

Até agora, os acidentes de menor dimensão, contam os populares, "resolviam-se" com uma espécie de negociação, na rua, nunca de forma fácil. Isto num país em que morrer na estrada lidera as causas de morte.

Para agravar a situação, e com ausência de uma cultura de seguros, a confusão e as dúvidas da última semana complicaram a vida aos automobilistas, confrontados ainda com visões distintas sobre os contratos.

"Algumas seguradoras exigem que se paguem os anos em atraso, apesar de não termos beneficiado. Outras não, ninguém se entende", diz José António, depois de uma manhã na fila da agência seguradora, de onde saiu sem seguro, preferindo "confiar" na "sorte", pelo menos para já.

Oriana Mendes encontrou uma solução "fácil" para resolver o problema do momento em Angola, desembolsando 29.500 kwanzas (220 euros). "Uma amiga avisou-me que a Universal Seguro tem uma forma fácil. Faz-se o pagamento por ATM e depois enviam no mesmo dia o selo por e-mail. Agora estou tranquila", disse à Lusa.

Alheia a isto, a polícia assume que o período para a sensibilização dos automobilistas terminou e que a fiscalização à apólice de seguro é para continuar.

"Isto é para bem de todos, quer dos utentes, quer das demais pessoas. Pelo menos o seguro contra terceiros vai garantir que num acidente a pessoa lesada possa recuperar qualquer dano à sua viatura", afirmou à Lusa o comandante-geral da Polícia Nacional de Angola, Ambrósio de Lemos.

Dificuldades que, por exemplo, não se colocam a quem compra carro novo com empréstimo bancário.

"Não tive problemas. Pagar o seguro é uma das exigências", disse Paula André, rematando: "Acho bem que se pague, face ao número de acidentes que vemos todos os dias nas nossas estradas".

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