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Papa diz que pediu para ir a Moscovo mas não obteve resposta

Francisco voltou a insistir que deixou mensagens ao Kremlin para que parasse a guerra e recordou o genocídio no Ruanda.

Papa diz que pediu para ir a Moscovo mas não obteve resposta
Notícias ao Minuto

07:54 - 03/05/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Ucrânia/Rússia

O Papa Francisco voltou a dizer que estava disponível para ir a Moscovo e conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, confirmando que já tentou contactar o Kremlin. Numa entrevista ao jornal italiano Corriere Della Sera, publicada esta terça-feira, Francisco lamentou ainda a falta de resposta pelo Kremlin.

Segundo o Sumo Pontífice, as tentativas de contactar Vladimir Putin surgiram pouco depois da guerra começar, quando quis "fazer um gesto claro para o mundo inteiro" e convocou o embaixador russo em Itália.

Vinte dias depois de começar a guerra, explica o Papa, foi pedido ao cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano (a quem classificou de um "grande diplomata), que "enviasse a Putin a mensagem de que estava disposto a ir a Moscovo".

No entanto, era necessário "alguma abertura" por parte da Rússia, que não surgiu.

"Ainda não recebemos uma resposta e continuamos a insistir, mesmo que eu tema que Putin não possa ou não queira ter este encontro agora", lamentou o Papa.

De recordar que o Papa chegou a considerar visitar a capital ucraniano, Kyiv, mas argumentou que as condições de segurança ainda não estavam reunidas, algo que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, contestou.

O Papa tem condenado a guerra mas, em concreto, os massacres e o impacto do conflito na população civil. Aludindo as situações encontradas nos arredores de Kyiv e em Mariupol, onde as tropas russas deixaram corpos nas ruas e valas comuns, o cardeal de Roma aludiu a um histórico genocídio para recordar a frieza da guerra.

"Como é que não se para com tanta brutalidade? Vinte e cinco anos depois, vivemos a mesma coisa que o Ruanda", afirmou.

Sobre a corrida ao armamento e ao fornecimento de material bélico à Ucrânia, por vários países ocidentais, o Papa optou por se distanciar, consentindo que o debate é confuso para os apologistas da paz acima de tudo. "Não posso responder, estou muito longe, à questão de saber se é certo fornecer aos ucranianos", apontou.

No entanto, optou antes por assinalar iniciativas cidadãs que fomentaram a paz, no meio de guerras que aumentaram os níveis de violência e de tecnologia militar.

"É claro é que armas estão a ser testadas naquela terra. Os russos, agora, sabem que os tanques são de pouca utilidade e estão a testar outras coisas. As guerras são travadas para isso: para testar as armas que produzimos. Foi o caso na Guerra Civil Espanhola antes da Segunda Guerra Mundial. O comércio de armas é um escândalo, poucos se opõem a isso. Há dois ou três anos, um navio carregado de armas chegou a Gênova, e as armas tiveram de ser transferidas para um grande cargueiro para serem transportadas para o Iémen. Os trabalhadores portuários não quiseram fazê-lo. Eles disseram: 'vamos pensar nas crianças do Iémen'. É um gesto pequeno, mas bonito. Devia haver mais assim", apelou o Papa.

Durante a entrevista, Francisco admitiu alguns problemas de saúde, especialmente nos joelhos, informando que tem infiltrações nos joelhos, um ligamento rompido e terá de ser operado. "Estou assim há muito tempo, não consigo andar. Antigamente, os papas iam na cadeira gestacional. Também é preciso um pouco de dor, humilhação", disse.

Segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a guerra na Ucrânia já fez mais de 3.100 mortos entre a população civil. No entanto, a ONU alerta que o número real de mortos poderá ser muito superior depois de contabilizadas as baixas em cidades sitiadas e controladas pelos russos.

Leia Também: Papa diz que guerra é "regressão da humanidade" que o faz "chorar"

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