Intervenção militar dos EUA "não faria sentido"
O vice-Presidente brasileiro, Hamilton Mourão, disse hoje que uma intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela "não faria sentido" e que as ameaças de Washington são "da ordem da retórica".
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"[A intervenção] seria prematura e sem sentido. O problema venezuelano deve ser resolvido pelos venezuelanos", disse Mourão à agência AFP, numa altura em que o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenava o encerramento da fronteira com o Brasil a dois dias da data anunciada pelo seu opositor Juan Guaidó para a entrada de ajuda humanitária no país.
O vice-Presidente do Brasil comunicou hoje, através da rede social Twitter, que irá na próxima segunda-feira a Bogotá, capital colombiana, representar o Brasil no Grupo de Lima, numa reunião na qual estará presente o seu homólogo norte-americano, Mike Pence.
"Por determinação do Presidente Jair Bolsonaro estarei na segunda-feira em Bogotá, na Colômbia, para representar o Brasil na reunião do Grupo de Lima. Discutiremos os desenvolvimentos da crise na Venezuela que fechou hoje a sua fronteira com o nosso país", escreveu Mourão.
O porta-voz da Presidência brasileira, Otávio do Rêgo Barros, confirmou hoje em conferência de imprensa que também o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, participará do encontro da próxima segunda-feira.
Rêgo Barros informou igualmente que o Brasil mantém o plano de enviar ajuda humanitária para a Venezuela no próximo sábado, apesar da ordem de encerramento da fronteira dada pelo Presidente venezuelano.
O porta-voz disse aos jornalistas que a ajuda humanitária contempla medicamentos e alimentos, e que estes serão transportados por motoristas brasileiros até Boa Vista e Pacaraima, capital e município do estado brasileiro de Roraima, respetivamente.
Nicolás Maduro ordenou hoje o encerramento dos postos fronteiriços da Venezuela com o Brasil e disse que está a avaliar fazer o mesmo na fronteira com a Colômbia.
"Decidi (que) no sul da Venezuela (...) a partir das 20:00 de hoje (00:00 de sexta-feira em Lisboa) (...) fica encerrada total e absolutamente, até nova ordem, a fronteira terrestre com o Brasil", anunciou Maduro numa reunião com militares no forte Tiuna de Caracas, o maior quartel do país.
Numa mensagem na rede social Twitter, o chefe de Estado justificou a decisão como "ações para proteger a paz nacional".
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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