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"Contra-cimeira" do G20 em Buenos Aires termina com autoelogios

O Fórum Mundial do Pensamento Crítico, a "contra-cimeira" do G20 - que Buenos Aires acolhe nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro -, terminou hoje também na capital argentina sem autocrítica da esquerda sobre os seus erros.

"Contra-cimeira" do G20 em Buenos Aires termina com autoelogios
Notícias ao Minuto

19:45 - 23/11/18 por Lusa

Mundo Encerramento

A cerimónia de encerramento do evento, que juntou as principais lideranças políticas e sociais da região na capital argentina, foi preenchida por inflamadas palavras de ordem como 'Resistência', 'Lula Livre' ou contra o Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, que pontuaram os discursos, mas "corrupção", "financiamento ilegal de campanhas" ou mesmo a acumulação de poder em "hiper-presidencialismos" passaram sem reações.

O discurso de uma "década de conquistas sociais" foi monotemático sem a discussão de por que, desde 2015, todas as eleições na América do Sul foram ganhas pela direita.

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos surpreendeu o público com humor, mas com crítica.

"Dilma apaixonou-me como sempre com esse momento analítico fabuloso sobre o que aconteceu no Brasil. A política mais honesta deste continente foi impedida pelos políticos mais corruptos. Mas, minha querida Dilma, necessitamos de mais autocrítica sobre os erros", refletiu sob aplausos.

No entanto, em declarações à Lusa, Boaventura de Sousa Santos, que mantém um diálogo próximo com as lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro, disse que existe autocrítica, mas esta reflexão não é feita publicamente.

"Publicamente, não se está a fazer autocrítica, mas, internamente, está a fazer-se muita. É evidente que há um fator que está a impedir a autocrítica de ser pública: a prisão do Presidente Lula", defendeu.

"Qualquer autocrítica pública, neste momento, vai dizer que a culpa foi do Lula. Ninguém quer, neste momento, enquanto ele estiver preso que isso ocorra, mas as pessoas estão a conversar, estão a trabalhar. Isso pode vir a ter resultados", acredita.

O senador do PT, Lindberg Farias, que não conseguiu renovar o mandato nas últimas eleições, derrotado pela onda que levou Bolsonaro à Presidência, negou à Lusa que o motivo para a ausência de autocrítica seja a prisão de Lula, que considera "injusta" porque Lula não cometeu nenhum ato de corrupção".

Lindberg Farias aponta a feroz campanha eleitoral como o motivo para o silêncio e diz que, a partir de agora, começa o período de autocrítica.

"Não se pode pedir que, num debate para campanha presidencial, nós contra Bolsonaro, numa campanha agressiva, uma parcela queria que nós ficássemos dizendo onde cometemos erros. Parece que havia um setor que queria que nós nos flagelássemos", justifica.

"Agora, depois de encerrada a batalha eleitoral, é obrigação nossa apresentar o balanço do último período com os acertos da história e com os erros também. Antes estávamos no meio de uma guerra. Não tínhamos meios para elaborar isso", defende-se

Segundo o senador, a autocrítica deve passar pela "subestimação da luta de classes porque subestimamos a capacidade da direita", pela falta de uma reforma política que impedisse o financiamento empresarial de campanhas e até pelo excesso de poder do sistema judicial.

"Quando governo, nós demos as bases para fortalecer um sistema judicial como esse que agora está a jogar como um partido político e não fizemos mudanças estruturais, como uma reforma política no Brasil para não existir financiamento empresarial", indica.

Mas quando o assunto é corrupção, a autocrítica é minimizada.

"Quando você vê a corrupção que houve no PT, foram casos isolados. Tem casos de corrupção no PT como teve em outros partidos, mas são casos isolados. O maior problema foi mesmo o financiamento empresarial de campanha", considera, argumentando ainda que "o problema na Petrobras existe há muito tempo no Brasil".

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