Grécia: Portugal e zona euro sobrevivem sem país mas ficam mais pobres
O economista Luís Campos e Cunha manifestou hoje o desejo de que a Grécia não saia da zona euro, mas mostrou-se convicto de que Portugal e o euro sobreviverão a esta eventual situação, embora fiquem mais pobres.
© Global Imagens
Economia Campos e Cunha
"Espero e desejo que a Grécia não abandone o euro, mas também estou certo que o euro sobrevive sem a Grécia", disse o ex-ministro das Finanças, à margem da apresentação do estudo 'Três décadas de Portugal europeu'.
Campos e Cunha reconheceu que Portugal e a zona euro "ficarão mais pobres sem a Grécia e certamente diminuídos", mas acrescentou: "Quem quer estar está, quem não quiser não está".
O economista considerou que o principal problema da Grécia - que não se coloca em Portugal - são as instituições e mostrou-se desiludido com o Governo grego que preferiu virar-se contra as instâncias europeias.
"A Grécia não tem instituições que lhe permitam conduzir a política económica decidida pelo Governo: não tem uma máquina fiscal, não tem uma separação entre a Igreja e o Estado, não tem um cadastro fundiário, não tem tribunais, não tem polícia, tem um nível de corrupção endémica brutal", comentou, considerando que esta questão "é crucial para a Grécia".
Campos e Cunha teve "esperança" que o Governo do Syriza "voltasse as energias para combater a corrupção, os oligarcas e algum poder não razoável da igreja ortodoxa grega", o que não aconteceu, preferindo virar-se contra as instituições europeias.
"Um erro de cálculo", segundo Campos e Cunha, para quem os gregos estão hoje mais longe de resolver os seus problemas do que há seis meses.
"Isso é muito triste", frisou, salientando que "é preciso ter capacidade de diálogo e de chegar a um entendimento".
O ex-ministro das Finanças de José Sócrates salientou que a Europa "foi muito longe" em relação às exigências iniciais nas suas últimas propostas, que "provavelmente o Syriza já está arrependido de não ter aceite".
Quanto a Portugal, considerou que a entrada na zona euro ajudou a resolver muitos dos problemas do país.
"Aquela ideia de que os nossos males estão na zona euro é errada, pura e simplesmente errada", vincou, embora existam "alguns diagnósticos errados" no que toca a explicar as razões do atraso de Portugal em relação aos parceiros europeus, nomeadamente no que respeita aos salários.
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