Resolução do BES foi preparada "nas costas da CMVM"
Para Pedro Silva Pereira, o Governo e o Banco de Portugal prepararam em conjunto a resolução do falido BES, omitindo informação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), pode ler-se num artigo de opinião do socialista publicado esta sexta-feira no Diário Económico.
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Economia Silva Pereira
No seu espaço de comentário semanal no Diário Económico, o antigo governante e jurista Pedro Silva Pereira considera que a resolução aplicada ao banco que foi presidido por Ricardo Salgado se tratou de “uma operação conjunta do Banco de Portugal [BdP] e do Governo, preparada nas costas da CMVM”.
Para o socialista, o que se conclui até ao momento da comissão de inquérito parlamentar aos casos que levaram à falência do BES e do Grupo Espírito Santo é que o Governo tomou parte na opção pela resolução, isto apesar de formalmente a decisão ter pertencido ao governador do BdP. E, mais do que isso, não partilharam tudo com a CMVM, o que terá prejudicado pequenos acionistas em detrimento de outros.
Fazendo a cronologia dos acontecimentos, a partir dos relatos feitos na comissão de inquérito, Pedro Silva Pereira refere no seu artigo, hoje publicado no Diário Económico, que esta “omissão de informação à CMVM” foi o que “impediu a adoção de medidas de defesa do mercado”.
Referindo-se às explicações dadas aos deputados por Carlos Tavares, presidente da CMVM, que adiantou que os períodos mais intensos de negociação se davam depois das 13h00 e, em particular, depois das 15h00, Silva Pereira argumenta que, este pormenor, ligado ao facto de haver pessoas com maior conhecimento do processo, levou a que uns acionistas fossem prejudicados enquanto outros se salvaguardavam.
“O telefonema do governador do BdP para a CMVM só teve lugar às 15h12, razão pela qual a suspensão da cotação [em bolsa] do BES só ocorreu às 15h42”, escreve, concluindo que nesta altura “era já demasiado tarde. Mas não para todos”.
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