Conferência da Aula Magna é "forma de pressão" sobre Cavaco
ex-candidato presidencial Manuel Alegre afirmou esta quarta-feira que a conferência impulsionada por Mário Soares, na quinta-feira, é uma "forma de pressão" para que o Presidente da República "defenda" a Constituição e peça a fiscalização preventiva do Orçamento.
© Lusa
Política Manuel Alegre
Manuel Alegre, membro do Conselho de Estado e um dos promotores da conferência de quinta-feira, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, assumiu esta posição crítica em relação à atuação de Cavaco Silva em declarações à agência Lusa.
"Quando o Presidente da República tem uma atitude passiva em relação àquilo que deveria ser a defesa da Constituição, que jurou cumprir e fazer cumprir, quando um órgão de Estado ou um órgão de soberania não funciona na defesa dos valores essenciais da democracia e da Constituição, bom, então são os cidadãos que têm de tomar a iniciativa de a defender", advogou Manuel Alegre, antes de assumir insatisfação face ao papel desempenhado pelo chefe de Estado.
"Evidentemente que há uma crítica implícita ao Presidente da República. E também há aqui uma forma de pressão (diga-se a palavra) no sentido de ver se o Presidente da República faz aquilo que as pessoas desejam que ele faça, que é pedir a fiscalização preventiva [da constitucionalidade] deste Orçamento", afirmou o histórico dirigente socialista.
Neste segundo encontro dinamizado pelo ex-Presidente da República Mário Soares, que será de novo o principal orador da sessão, estarão presentes representantes das principais forças políticas da oposição, caso do líder parlamentar do PS, Alberto Martins, do ex-dirigente comunista Ruben de Carvalho, e da eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias.
Desta vez, para além do espaço tradicional dos partidos de esquerda, marcarão ainda presença figuras ligadas ao centro político, como o fundador do CDS, Freitas do Amaral, o ex-secretário-geral do PSD António Capucho e o ex-dirigente social-democrata Pacheco Pereira (que será um dos oradores), assim como personalidades que estiveram na hierarquia das Forças Armadas, como o general Pinto Ramalho, e da Igreja Católica, caso do bispo Januário Torgal Ferreira.
De acordo com Manuel Alegre, precisamente por causa desta abrangência social e política, "é errado" chamar-se "congresso das esquerdas" à conferência de quinta-feira, sendo antes, na sua perspetiva, um encontro de pessoas de diferentes quadrantes".
"Estarão lá pessoas das esquerdas, mas não só. Estarão pessoas democratas, patriotas e que têm uma preocupação comum: A defesa da Constituição (que está a ser subvertida), do Estado social (que está a ser destruído) e da própria democracia, que corre o risco de ficar reduzida a ficar sem substância", frisou.
O ex-candidato presidencial sustentou neste contexto que, da parte dos promotores do encontro, "há acima de tudo um objetivo patriótico".
"Quando quem devia defender a Constituição não o faz, a defesa da Constituição e da própria democracia está nas mãos dos cidadãos. Não é a primeira vez que isso acontece na nossa história", insistiu Manuel Alegre, antes de voltar a referir o caráter abrangente da iniciativa.
"O professor Freitas do Amaral não é uma pessoa de esquerda. Também não sei se são de esquerda pessoas como o general Pinto Ramalho ou D. Januário Torgal Ferreira. Quem participará no encontro são pessoas preocupadas com a presente situação, com a submissão do país a interesses que não são nacionais. Estarão no encontro em defesa da democracia e da dignidade nacional", acrescentou Manuel Alegre.
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