Incêndios: "Ninguém melhor do que Jorge Gomes sabe o que aconteceu"
O primeiro-ministro, António Costa, disse que o ex-secretário de Estado da Administração Interna Jorge Gomes, que apontou a existência de dados "falsos" no relatório sobre os incêndios de outubro, sabe melhor do que ninguém o que aconteceu.
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Política António Costa
Questionado sobre as declarações de Jorge Gomes, à margem da "cimeira da primavera" do Conselho Europeu, a decorrer em Bruxelas, António Costa escusou-se "a comentar factos da política nacional", mas lembrou que "ninguém melhor do que o ex-secretário Jorge Gomes sabe o que aconteceu e poderá falar sobre essa matéria".
O ex-secretário de Estado da Administração Interna criticou esta quinta-feira a Comissão Técnica Independente aos incêndios de outubro por ausência de direito ao contraditório e apontou a existência de dados "falsos" sobre meios de combate disponíveis.
Jorge Gomes, atual deputado socialista e que se demitiu do Governo na sequência dos incêndios de 15 e 16 de outubro, em conferência de imprensa, acusou o ex-segundo comandante operacional (CONAC) da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), o tenente coronel Albino Tavares, de ter transmitido aos elementos da Comissão Técnica Independente informações "falsas".
De acordo com Jorge Gomes, a Comissão Técnica Independente "não fez o contraditório" das posições assumidas pelo tenente coronel Albino Tavares, que na altura dos fogos de outubro desempenhava as funções de primeiro CONAC em regime de substituição.
A comissão que analisou os grandes incêndios rurais de 2017 entregou na terça-feira, no Parlamento, o relatório dos fogos de outubro, envolvendo oito distritos das regiões Centro e Norte.
O documento, que atualiza para 48 o número de mortos nesse mês, conclui que falhou a capacidade de "previsão e programação" para "minimizar a extensão" do fogo na região Centro (onde ocorreram as mortes), perante as previsões meteorológicas de temperaturas elevadas e vento.
A junção de vários fatores meteorológicos, descreve, constituiu "o maior fenómeno piro-convectivo registado na Europa até ao momento e o maior do mundo em 2017, com uma média de 10 mil hectares ardidos por hora entre as 16:00 do dia 15 de outubro e as 05:00 do dia 16".
Contudo, acrescenta, a Autoridade Nacional de Proteção Civil pediu um reforço de meios para combater estes incêndios devido às condições meteorológicas, mas não obteve "plena autorização a nível superior", e a atuação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi "limitada" por falhas na rede de comunicações.
Governo autorizou reforço de meios aéreos até fim de outubro
Segundo documentação a que a Lusa teve acesso, o Governo respondeu cinco horas depois a um pedido, enviado, na noite de 9 de outubro, pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) para reforçar o dispositivo na fase Delta, que se iniciara no primeiro dia desse mês.
Na resposta, o Governo concordou com um acréscimo de 70 horas de serviço para dois aviões anfíbios médios, com o prolongamento do contrato de aluguer de dois aviões anfíbios pesados e de oito helicópteros médios, todos eles até 31 de outubro.
No caso dos anfíbios médios, o contrato já tinha sido prolongado com mais 300 horas a 14 de agosto.
A autorização para o prolongamento destes meios aéreos foi dada a 13 de outubro, não tendo existido nenhuma interrupção na disponibilidade dos aviões e helicópteros.
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