A população de Nespereira, em Guimarães está contra a atual gestão do Centro Social e Paroquial daquela freguesia. Desde que está a cargo do novo padre, há cada vez mais queixas motivadas por um clima de intimidação e medo na Unidade de Cuidados Continuados, bem como pela intenção do pároco de querer fechar uma sala do pré-escolar.  

Segundo avança a SIC Notícias, na madrugada do passado sábado, foram colocadas em plena via pública de Nespereira várias mensagens a denunciar a atual gestão do centro social, que está nas mãos de um novo padre há três meses.

"Fora com esta direção, está a destruir a nossa instituição", "Contra despedimentos - dois meses - novo padre = mais de 20 despedimentos", "Abaixo a ganância - IPSS é solidariedade social", "Não dou lucro, não tenho lugar" e ainda "Contra o encerramento de salas do infantário”, podia ler-se. 

O padre Francisco Xavier assumiu funções em fevereiro. Desde então, 22 pessoas já se despediram daquele centro social. Três eram enfermeiros. 

Em resposta ao canal de televisão, a instituição, que eliminou entretanto as redes sociais, diz que os cartazes colocados são legações falsas e têm como única intenção criar divisão numa instituição que apenas pretende servir.

"Às 05h00 temos de acordar os utentes para lhes dar banho"

Daniela Pereira, enfermeira demissionária, diz não se rever na atual gestão e faz críticas severas à atual Direção do Centro Social da Paróquia de Nespereira (CSPN). À Rádio Vizela, a mulher explica que exercia enfermagem na instituição, há cerca de três anos, mas pediu demissão há duas semanas.

“Desde que o padre Francisco Xavier assumiu a presidência no CSPN, as coisas mudaram muito e eu, não concordando, acabei por sair”, explica. Entre vários problemas, critica o encerramento da cozinha, explicando que a comida chega agora do Centro Social da Paróquia de Polvoreira.

"A comida vem fria, crua, intragável e dão-na aos utentes”, revela. 

Noutras denúncias, revela que a nova direção terá dado indicação para que os banhos dos utentes aconteçam de madrugada. "Às 04h00/05h00, temos de acordar os utentes para lhes dar banho. Querem que demos banho [a essa hora] aos utentes que estão acamados e não falam e esses não podem queixar-se", prossegue, frisando que a comunicação com a direção é complicada. 

“Mesmo a forma como ele [padre Francisco Xavier] fala para nós, arrogante, rude, é uma pessoa muito complicada e é difícil trabalhar neste ambiente. As minhas colegas choram ao irem trabalhar, algumas não podem sair, infelizmente. Não têm outro trabalho e têm de se sujeitar", assegura. 

Sindicato dos enfermeiros portugueses acompanha caso "com elevada preocupação": "A saúde dos utentes está em causa"

Através de um comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso, o sindicato dos enfermeiros portugueses reagiu à polémica este sábado, dia 18, e disse acompanhar "com elevada preocupação os graves problemas no Centro social de Nespereira pondo em causa os cuidados a prestar aos residentes e assistidos, podendo pôr em causa a deontologia profissional dos enfermeiros".

Para o sindicato, os "atropelos" passaram a ser inúmeros, culminando mesmo com o "incumprimento de acordos previamente estabelecidos".

O SEP solicitou com caráter de urgência reunião com a direção do centro social "tendo em vista ultrapassar os problemas existentes previamente identificados".

Pedro Gonçalves, da Direção Regional do Minho, reitera ao Notícias ao Minuto que a reunião foi pedida já no dia 7 e que até à data não houve resposta. O responsável frisa que neste momento se pode dizer que "a saúde dos utentes está em causa", e que caso a direção do centro social não aceite reunir, avançarão por outras vias. 

O Centro Social de Nespereira é uma instituição particular de solidariedade social. Além desta unidade, tem ainda um berçário, creche e pré-escolar. 

O Notícias ao Minuto contactou o Centro Social de Nespereira para solicitar mais esclarecimentos, bem como a Segurança Social, aguardando até ao momento resposta. 

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