"Crise política já chegou à própria coligação"
O histórico dirigente socialista Manuel Alegre considerou, esta segunda-feira, que as declarações de Paulo Portas sobre as novas medidas de austeridade do Governo mostram que “há uma crise política que já está dentro da própria coligação”.
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Política Alegre
“Dá impressão que a coligação não funciona, ou isto é combinado ou não é combinado. É muito estranho que tenham estado num Conselho de Ministros, que tenham aprovado aquelas medidas que são muito gravosas e que, depois, Paulo Portas venha dizer aquilo que disse”, argumentou Manuel Alegre.
Segundo o histórico socialista, esta situação “mostra que há, realmente, uma crise política e que a crise política já está dentro da própria coligação”.
Manuel Alegre falava à agência Lusa em Castro Verde, no distrito de Beja, à margem do 1.º Fórum "Construir a Mudança", promovido pela candidatura socialista de António José Brito à presidência da câmara municipal nas autárquicas deste ano.
Questionado pela Lusa, o antigo dirigente do PS reagia às declarações do presidente do CDS e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no domingo, sobre as mais recentes medidas de austeridade apresentadas pelo primeiro-ministro, Passos Coelho.
Paulo Portas disse não concordar com a introdução de uma contribuição sobre pensões e adiantou que o Governo vai negociar com a 'troika' para encontrar medidas de redução da despesa do Estado equivalentes.
O novo pacote de medidas anunciado por Passos Coelho pretende poupar nas despesas do Estado 4,8 mil milhões de euros, até 2015, mas Manuel Alegre qualificou-o hoje como um “atentado ao Estado social”.
“Atingem o coração do Estado social, como foi dito por alguém”, acusou o também poeta e escritor, afirmando não ter dúvidas de que as medidas vão “atingir profundamente a democracia, tal como ela está consagrada na Constituição”.
“O ataque aos pensionistas é um roubo, porque os pensionistas descontaram toda a vida e aquilo é dinheiro que pertence a cada um deles. Isto é um esbulho”, disse.
Para Alegre, as medidas anunciadas pelo Governo, que constituem um “ataque às funções sociais do Estado”, são “uma maneira de tentar ultrapassar a decisão do Tribunal Constitucional, mas, no fundo, para fazer a mesma coisa”.
Na opinião do antigo dirigente do PS, só há uma “maneira” de sair desta situação: “É dar a palavra ao povo, destituir o Governo, convocar eleições” antecipadas.
“Porque este Governo não tem condições para continuar, sob pena de provocar uma explosão social de consequências incalculáveis”, alertou.
A actuação do executivo “está a pôr em causa o regular funcionamento das instituições” disse ainda Alegre, considerando que se fala “muito em consenso”, mas “o único consenso que há é a recusa destas políticas, a recusa deste Governo”.
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