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Condenado à morte no Líbano assassino de Presidente, 35 anos depois

Um libanês foi hoje condenado à morte, à revelia, pelo assassínio em Beirute, em 1982, do Presidente Bashir Gemayel, adulado pelos cristãos do Líbano mas considerado um "traidor" por outros devido à sua colaboração com Israel.

Condenado à morte no Líbano assassino de Presidente, 35 anos depois
Notícias ao Minuto

17:45 - 20/10/17 por Lusa

Mundo Condenação

Habib al-Chartuni, membro do Partido Nacional Social Sírio (PNSS), grupo paramilitar próximo do regime sírio, era acusado de ter colocado a bomba que matou Gemayel e mais 23 pessoas, a 14 de setembro de 1982.

O Tribunal de Justiça, que se debruça sobre as questões de segurança do Estado e os crimes considerados importantes pelo Governo, condenou-o à pena capital "por homicídio com premeditação", relatou a agência noticiosa francesa AFP, presente na leitura da sentença.

Chartuni está em fuga desde 1990, ano em que se evadiu da prisão onde esteve encarcerado durante oito anos sem julgamento.

Outro cidadão libanês, Nabil al-Alam, antigo responsável do PNSS acusado de ser o mandante do assassínio e dado como morto pela imprensa libanesa desde 2014, foi igualmente condenado à morte, à revelia, por "homicídio com premeditação".

Bashir Gemayel, senhor da guerra cristão adulado por uma grande parte da sua comunidade, foi assassinado 20 dias após ter sido eleito Presidente da República, na sequência da invasão israelita do Líbano.

Ele é considerado um "traidor" por uma parte dos libaneses por causa da sua cooperação com o Estado hebreu, com o qual o Líbano está ainda tecnicamente em guerra.

Na presença da viúva do Presidente assassinado, Solange, apoiantes de Gemayel concentrados em frente ao Tribunal de Justiça repetiram, depois do veredito, "Bashir está vivo em nós!".

Por seu lado, simpatizantes do PNSS reuniram-se um pouco mais longe para afirmar o seu apoio a Chartuni, classificando-o como "um herói" e brandindo fotos de Gemayel ao lado de Ariel Sharon, na altura ministro da Defesa israelita.

Um ano antes, a filha de Bashir, Maya, de quatro anos, tinha sido morta num atentado com viatura armadilhada que visava o pai.

Após o assassínio de Gemayel, os seus apoiantes cometeram o tristemente célebre massacre de Sabra e Chatila, dois campos de refugiados palestinianos a sul de Beirute, depois de para ali terem sido levados pelo exército israelita, estacionado a toda a volta.

A guerra do Líbano opôs muçulmanos aliados aos ativistas palestinianos a cristãos que rejeitavam a presença destes últimos no país.

Bashir Gemayel pertence a uma das grandes famílias maronitas que moldaram a história contemporânea do Líbano. O seu irmão mais velho, Amine, sucedeu-lhe como Presidente.

O clã Gemayel foi abalado por outro assassínio: o de Pierre Gemayel, sobrinho de Bashir e então ministro da Indústria, em 2006, na sequência de atentados contra figuras públicas que se opunham ao regime sírio.

Um ano antes, após o homicídio do ex-dirigente libanês Rafic Hariri, cuja responsabilidade foi atribuída a Damasco, o regime sírio viu-se obrigado a retirar as suas tropas do Líbano ao fim de 30 anos de presença militar.

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