Iémen: Coordenador da ONU alerta que população está à beira da fome
O coordenador humanitário da ONU para o Iémen avançou hoje que dois terços da população iemenita - 20 milhões de pessoas - precisam de ajuda humanitária após sete anos de guerra civil, alertando que o país está "à beira da fome".
© Kay Nietfeld/picture alliance via Getty Images
Mundo David Gressly
Em declarações em Genebra (Suíça), David Gressly, que assumiu o cargo há cerca de meio ano, advertiu ainda que perto de 400 mil crianças iemenitas estão "em perigo de morrer de desnutrição".
O coordenador humanitário da ONU avançou com estes números após ter visitado nos últimos meses várias zonas do Iémen, o mais pobre e fechado dos países árabes, localizado na ponta sul da Península Arábica.
O Iémen tornou-se palco de uma guerra em finais de 2014 entre os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que em março de 2015 seria apoiado por uma coligação militar internacional árabe, liderada pela Arábia Saudita.
A ONU considera que esta guerra, que causou mais de 100 mil mortos, sobretudo civis, provocou a pior crise humanitária do mundo.
Em outubro de 2020, a edição anual do Índice Global da Fome (IGF) já colocava o Iémen entre os países no mundo que mostravam níveis alarmantes de fome.
Após as visitas ao território iemenita, o coordenador humanitário da ONU constatou no terreno, segundo frisou, que a economia do país "está colapsada, com uma redução de receitas na ordem dos 50%, o que contribui para a catástrofe humanitária".
"Aquilo que funcionava há sete anos no Iémen deixou de existir", assinalou o representante, relatando a destruição de hospitais, de escolas e de outras infraestruturas.
David Gressly referiu também que as restrições criadas pelo conflito, num país que tem de importar praticamente todos os bens alimentares, tornaram a comida ainda mais cara.
Dada a fragilidade da situação, o representante da ONU sublinhou que a assistência humanitária deve ser mantida, lembrando que, neste momento, a comunidade internacional fornece ajuda a cerca de 13 milhões de iemenitas, mais três milhões de pessoas em comparação com o ano passado.
David Gressly traçou este cenário de contornos dramáticos poucos dias depois de o Conselho de Direitos Humanos da ONU ter rejeitado, na passada sexta-feira, a renovação do mandato do Grupo de Peritos para o Iémen, grupo composto por peritos internacionais independentes que estava encarregue de investigar possíveis crimes de guerra e outras violações dos direitos humanos cometidos durante o conflito iemenita.
Em reação, o grupo de peritos classificou a decisão como "um enorme passo atrás para todas as vítimas do conflito", afirmando ainda que com esta medida o Conselho da ONU "abandona o povo iemenita".
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