ONU dá conta de novas trocas de tiros no Saara Ocidental
As Nações Unidas indicaram hoje terem recebido informações de novas trocas de tiros entre o exército marroquino e o movimento independentista Frente Polisário na noite de segunda-feira para hoje, desconhecendo, para já, eventuais vítimas.
© Reuters
Mundo ONU
Segundo o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, a missão de paz da ONU no Saara Ocidental (MINURSO), encarregada de fiscalizar o cessar-fogo entre as duas partes, indicou que "continua a receber informações" sobre trocas de tiros "em diferentes lugares dos muros de areia" que separam os beligerantes.
"Na noite passada foram reportados tiros nas zonas a norte e a sul do território", referiu, sublinhando não dispor de dados sobre eventuais vítimas.
"[A ONU] continua a exortar as partes a tomarem todas as medidas necessárias para fazer baixar a tensão. O secretário-geral da ONU [António Guterres] falou [segunda-feira] não só com o rei de Marrocos (Mohamed VI] como também com várias outras partes envolvidas no conflito", acrescentou, sem avançar pormenores.
A situação continua confusa, após, na sexta-feira passada, a Frente Polisário ter denunciado que Marrocos violou o acordo de cessar-fogo assinado em 1991, sob a égide da ONU, ao dar início a uma operação militar numa zona tampão no extremo sul do Saara Ocidental, junto ao posto fronteiriço de Guerguerat.
Segunda-feira, Mohamed VI assegurou, numa conversa telefónica com Guterres, estar "comprometido com o cessar-fogo" no Saara Ocidental, mas advertiu que reagirá "com maior severidade a toda a ameaça contra a segurança" do país.
Também segunda-feira, mas em Argel, a imprensa local indicou que a Argélia enviou mais de 60 toneladas de ajuda humanitária para os acampamentos de refugiados erguidos há mais de 45 anos na região de Tinduf, no oeste do país e já próximo da fronteira com Marrocos.
A ajuda, reporta a imprensa local, consta de alimentos e de produtos sanitários, farmacêuticos e desinfetantes e foi transportada em aviões da Força Aérea argelina até ao aeroporto de Tinduf, onde foi entregue a responsáveis da Frente Polisário.
Ainda na segunda-feira, a Frente Polisário defendeu que o fim da "guerra" no Saara Ocidental depende também do "fim da ocupação" marroquina da antiga colónia espanhola em África.
"O fim da guerra é determinado pelo fim da ocupação ilegal da parte dos territórios ocupados da República Saarauí" sob controlo marroquino, disse à agência France-Presse (AFP) Mohamed Salem Ould Salek, chefe da diplomacia da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), autoproclamada em 1976 pelos separatistas.
A Frente Polisário luta há 30 anos pela organização de um referendo de autodeterminação previsto no acordo, mas nunca concretizado.
A zona desmilitarizada onde está localizada Guerguerat é regida pelo chamado "Acordo Militar Número 1", anexo ao acordo de cessar-fogo em vigor desde 1991 e assinado por Marrocos e a Polisário, que proíbe a entrada de militares, entre outras medidas.
No entanto, tanto Marrocos como a Polisário são constantemente acusados de não cumprir o acordo com ações que violam o cessar-fogo.
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