"As startups e este tipo de empreendedorismo vão ter um impacto enorme na reabilitação urbana. Essa vai ser a primeira perceção", disse em entrevista à Lusa João Vasconcelos.

O secretário de Estado da Indústria, que foi anteriormente diretor da incubadora Startup Lisboa, afirmou que estas empresas estão cada vez mais a reutilizar os edifícios e não querem ir para parques novos.

"Isso está a acontecer no Porto, em Braga, diariamente em Lisboa, nos bairros históricos. Em Lisboa, estão na Baixa, mas também no Beato, Marvila e Cais do Sodré", disse.

Com exemplos apontou a Uniplaces, plataforma online de alojamento, que foi ocupar o primeiro piso da estação do Rossio e é já responsável pela criação de 200 postos de trabalho, ou o 'cowork' londrino Second Home, um acelerador criativo e um espaço de trabalho e espaço cultural para os pensadores, fabricantes, artistas e empresários, que a partir de maio vai estar também instalado no primeiro piso do Mercado da Ribeira.

E acrescentou: "Isto em Londres está a acontecer em East London, Shoreditch, em Berlim, em East Berlim, e mesmo em Silicon Valley, não é em Sillicon Valley que está a acontecer, é em S. Francisco, down town, que é onde as empresas 'web' (digitais) se estão a situar".

"Que empresas é que vieram colocar 200 postos de trabalho assim no centro histórico da cidade? Muito poucas. Então multinacionais não conheço nenhuma", constatou João Vasconcelos, revelando que um estudo apresentado em Berlim concluiu que "o maior cliente de arrendamento de escritórios na cidade eram as startups".

Além disso, mais do que as grandes empresas, são as startups que estão a trazer inovação até aos setores mais tradicionais, revolucionado "vários modelos de negócio".

"Veja o impacto do Airbnb [serviço online comunitário onde as pessoas anunciam e podem reservar acomodações] no turismo. Quase que arrisco a dizer que o Airbnb foi dos maiores instrumentos de reabilitação urbana de sempre, porque trouxe um modelo de negócio viável aos apartamentos devolutos, aos quartos devolutos e aos espaços devolutos nos centros da cidade", disse.

João Vasconcelos considera que "esta digitalização e acesso global ao mesmo tempo e à mesma informação é muito bom", sobretudo para quem está em países ditos periféricos, como Portugal.

"Na economia digital o ser periférico não tem interferência nenhuma. Ontem [meados de março] em Ribeira Brava, na Madeira, fui inaugurar um edifício de uma empresa que tem 100 e tal engenheiros informáticos, vai contratar 200 trabalhadores este ano, tem vários 'softwares' e gere 500 mil lugares de estacionamento em quatro continentes a partir da Ribeira Brava, no Funchal", contou.

"Se permitirmos que um jovem, ou menos jovem, do interior ou de qualquer estrato social tenha acesso aos mesmos instrumentos, isto é algo mobilizador e pode acontecer em qualquer parte do país continental e ilhas", disse.

Sobre a WebSummit, João Vasconcelos considera que desde o anúncio da vinda do evento para Portugal "tudo mudou radicalmente".

"Vai mesmo haver um antes e um depois. É provavelmente a melhor oportunidade que Portugal tem desde a Expo98 para se mostrar como um país sofisticado, cosmopolita e um país que quer fazer parte desta nova economia", afirmou.

Já sobre as estatísticas em torno do mundo das startups não existe informação atualizada, nem no que diz respeito ao número existente, nem quanto aos postos de trabalho que estão a criar.