Meteorologia

  • 19 MAIO 2024
Tempo
17º
MIN 12º MÁX 21º

OE2022? "É um ben-u-ron. Alivia a dor para alguns"

A antiga ministra das Finanças considera que medidas do Orçamento do Estado não tratam a verdadeira "doença" do país, "aliviando" apenas algumas "dores".

OE2022? "É um ben-u-ron. Alivia a dor para alguns"
Notícias ao Minuto

00:03 - 15/04/22 por Carmen Guilherme

Política OE2022

Manuela Ferreira Leite considerou, esta quinta-feira, que a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) funciona como um “ben-u-ron” não tratando o verdadeiro problema do país - “o empobrecimento” – e aliviando apenas “algumas dores”. 

Num debate na CNN Portugal, juntamente com a ex-deputada e antiga ministra socialista Constança Urbano de Sousa, Manuela Ferreira Leite utilizou uma analogia para defender que as medidas apresentadas pelo Governo no OE2022 não respondem ao que Portugal, um país que considera estar “muito doente”, necessita neste momento, que são “políticas de crescimento”. 

“Eu gostava um pouco de desmistificar aquilo que se passa relativamente ao Orçamento. É o seguinte: a política económica que está muito consubstanciada no Orçamento trata a economia como um médico trata um doente. E o médico, perante um doente aplica-lhe o tratamento que é adequando àquela doença e, se a doença é outra, o tratamento não será o mesmo, será outro”, começou por dizer.

“Há meia dúzia de anos, tivemos o país muito doente com uma bancarrota, tivemos um tratamento que foi austeridade, que é efetivamente um tratamento adequado a uma situação como aquela e esse tratamento deu efeito. Teve com certeza sacrifícios, custos adicionais, colaterais, mas a verdade é que se curou. Quando este Governo entrou em funções, não virou nenhuma página de austeridade, porque o país já não estava para ser tratado com austeridade, o país já tinha saído da tutela da troika”, acrescentou.

A antiga líder do PSD entende que, “neste momento o país está muito doente” e a “doença é empobrecimento”.

“Tem empobrecido e continua a empobrecer. E, portanto, o tratamento tem de ser o tratamento adequado ao empobrecimento que é feito através de políticas de crescimento. Não vejo no Orçamento nada relacionado com o crescimento, não vejo uma única medida. Aquilo que eu vejo, isso sim, são medidas várias para minimizar efeitos dessa doença de não crescimento. Agora políticas para tratar, impor o crescimento, não existem”, criticou.

Ferreira Leite entende que as medidas do Orçamento são boas para para “amenizar um pouco as dores daqueles que sofrem mais com este não crescimento do país, mas funcionam como o ben-u-ron”.

Não é um tratamento. É um ben-u-ron. Alivia a dor para alguns. Mas ainda por cima o ben-u-ron tem um efeito só de oito horas, são três por dia, evidentemente não há meios para se estar permanentemente a dar só ben-u-ron”, apontou.

Já Constança Urbano de Sousa defendeu que “existem muitas medidas” neste Orçamento do Estado que foram além de “medidas temporárias” para mitigar efeitos.

“Uma série de medidas que têm em vista a capitalização das empresas. Uma fatia muito grande do OE vai precisamente para financiar a nossa economia, para investimento estratégico que fazemos em investigação, em qualificação da nossa população, que é absolutamente crucial também para o desenvolvimento económico”, disse.

“E a verdade é que vamos ter uma meta de desenvolvimento económico que não é de todo em todo irrealista, de quase 5%, que até hoje é confirmada pelos números que vieram a público do INE, que tivemos neste trimestre um crescimento de 9%. Acha que é pouco?”, questionou.

A ex-líder social-democrata não deixou de responder e considerou que “9% não tem nenhum significado” porque não atinge o nível dos países que estão “próximos” de Portugal. 

“A verdade é que este ponto ninguém o consegue negar: O problema do país neste momento é a ausência de crescimento, estamos a empobrecer e tanto estamos a empobrecer que efetivamente as medidas que estão a ser tomadas são para amenizar os problemas daqueles que estão em situações difíceis”, reiterou.

“Então estamos a amenizar o efeito para evitar que pessoas atinjam níveis de pobreza extrema, em vez de termos uma situação económica que leve a que isto não exista? Mas onde é que está o apoio às empresas? São elas que criam riqueza, são elas que criam o emprego. Continuamos com salários baixíssimos”, destacou.

A ex-deputada socialista aproveitou depois a declaração de Ferreira Leite para destacar que o Salário Mínimo Nacional, desde há seis anos para cá, “teve um crescimento que nunca conheceu em toda a historia da democracia”.

Questionada pelo jornalista sobre se defende o aumento dos salários e se este não é um motor da inflação, Manuela Ferreira Leite respondeu que a inflação já estava no país há muito tempo.

“Agora é a história da inflação que vai ser desculpa para tudo. A inflação estava cá há que tempos. Portanto, este orçamento tinha obrigação de já ter sido feito com base numa perspectiva sem guerra (...) É evidente que a guerra agrava a inflação”, notou.

“O que eu defendo é que o aumento de salários seja uma consequência do desenvolvimento de empresas, de produtividade e de competitividade”, reforçou.

Leia Também: OE2022: CDS fala em "pecado capital" do Governo ao não relevar inflação

Recomendados para si

;
Campo obrigatório