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S. Pedro da Cova pede que "não se cometam erros" na retirada de resíduos

A Junta de Freguesia de São Pedro da Cova, Gondomar, pediu hoje que "não se cometam erros do passado" na retirada dos resíduos perigosos da freguesia, reagindo com "cautela" ao anúncio da Câmara de que vai expropriar os terrenos.

S. Pedro da Cova pede que "não se cometam erros" na retirada de resíduos
Notícias ao Minuto

11:54 - 26/11/19 por Lusa

País Gondomar

"O que nos interessa é a efetiva remoção dos resíduos perigos que são um atentado ambiental e a requalificação do espaço para que seja devolvido à população. Esperamos que não se cometam os erros anteriores, seja com a intervenção da Câmara, seja com a intervenção da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Norte (CCDR-N). Queremos que o processo avance o mais rápido possível", disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia, Pedro Vieira (CDU).

A Câmara de Gondomar, liderada por Marco Martins (PS), anunciou hoje que quer expropriar os 19 hectares onde estão depositados, em São Pedro da Cova, os resíduos industriais perigosos e o complexo mineiro encerrado em 1970, prevendo um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros.

A proposta, que Marco Martins garantiu à agência Lusa estar "consensualizada" com o Governo através do Ministério do Ambiente e Ação Climática, vai a reunião camarária na quarta-feira, sendo depois discutida a 02 de dezembro em Assembleia Municipal.

"Com esta expropriação, fica completamente legitimada a intervenção. Ou seja, com a Câmara a tomar posse, nenhum proprietário pode obstaculizar uma medida para a qual tanto se lutou. Contamos que o processo seja acelerado e contamos com a ajuda do Governo. É um grande esforço financeiro, mas permite, de uma vez por todas, acabar com este fantasma que são os resíduos perigosos de São Pedro da Cova e garantir a preservação do património histórico ligado às minas", disse Marco Martins.

Questionado pela Lusa sobre este anúncio, Pedro Vieira sublinhou "a importância de que a retirada dos resíduos avance", mas mostrou-se "cauteloso".

"Assistimos a uma alteração neste processo, uma alteração de papéis que merece cautela. Antes era o Governo, através da CCDR-N, a liderar o processo. Agora é a Câmara Municipal. Gostávamos de perceber melhor o porquê desta decisão", disse o presidente da Junta.

Pedro Vieira lamentou, ainda, que a Junta esteja "a ser informada através da comunicação social" sobre a expropriação dos terrenos, aproveitando para pedir: "Incluam a população que tanto lutou e luta neste processo. Faria todo o sentido que a Junta, como órgão no terreno e próximo da população, estivesse a acompanhar mais de perto o caso".

O autarca contou ainda que pediu uma reunião "com caráter urgente" à CCDR-N no dia 18, mas "ainda não obteve resposta".

Essa reunião foi pedida três dias após o anúncio, a 15 de novembro, do Ministério do Ambiente de que a segunda fase de remoção dos resíduos perigosos instalados nesta freguesia em 2001/2002, provenientes da Siderurgia Nacional, que laborou entre 1976 e 1996 na Maia, teria início em 2020.

Isto depois da remoção ter começado em outubro de 2014, mais de 10 anos depois do depósito, e terminado em maio do ano seguinte, com a retirada de 105.600 toneladas.

Ficaram para uma segunda fase de remoção mais 125 mil toneladas de resíduos. O Ministério do Ambiente, através do Fundo Ambiental, alocou 12 milhões de euros para a remoção total, o concurso registou sete candidatos, mas esteve bloqueado mais de um ano no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Braga, porque uma das empresas candidatas que não ganhou o concurso contestou.

Os resíduos foram depositados nas escombreiras das minas de carvão, perto de um complexo mineiro que encerrou em 1970, sendo que nos anos 30 e 40 cerca de 65% da produção nacional de carvão saia desta freguesia do distrito do Porto.

Este complexo mineiro desativado conta com vários edifícios, nomeadamente o Cavalete do Poço de São Vicente classificado como Monumento de Interesse Público em março de 2010.

A expropriação anunciada por Marco Martins engloba os terrenos onde estão depositados os resíduos, bem como o complexo mineiro, num total de 19 hectares.

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