"Suscita-nos uma grande preocupação o recente início dos maiores exercícios militares entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul (...), que já provocaram uma reação muito negativa da Coreia do Norte", disse Maria Zajarova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, aos 'media' locais.

Moscovo receia, segundo a mesma representante, que "no âmbito do aumento da tensão na península, tais exercícios, se assim se podem chamar, possam servir como uma desculpa para um pavio desencadear um autêntico incêndio".

A diplomacia russa também criticou os planos de Washington para instalar um escudo antimísseis na península coreana com o objetivo de travar a ameaça nuclear do regime norte-coreano liderado por Kim Jong-un.

"A instalação destes sistemas na República da Coreia vai além das metas de contenção da chamada ameaça norte-coreana", acrescentou a porta-voz.

A Rússia criticou igualmente o facto de Washington continuar a aumentar o seu sistema global de antimísseis na região Ásia-Pacífico como o apoio dos seus aliados.

"Isto irá conduzir inevitavelmente ao minar do atual equilíbrio estratégico e, é claro, complicar ainda mais a situação na península coreana e na região no seu conjunto", sublinhou.

A mesma representante frisou que Moscovo tem constatado que não existem perspetivas de normalização da situação naquela região e rejeita que toda a responsabilidade recaia num só lado. Lamenta igualmente a tendência de resolver as divergências com o uso da força.

"A Rússia tem apelado por diversas vezes a todas as partes envolvidas no diferendo coreano a mostrarem moderação, especialmente no campo militar", frisou.

A Coreia do Norte qualificou hoje como "um grande sucesso" o recente lançamento de um míssil balístico, a partir de um submarino, que conseguiu percorrer cerca de 500 quilómetros em direção do Japão.

O líder norte-coreano afirmou que Pyongyang passou a integrar "a primeira linha das potências militares totalmente equipadas com a capacidade de realizar ataques nucleares".

O lançamento norte-coreano é considerado como uma resposta ao exercício militar de grande escala Ulchi Freedom Guardian que os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciaram na segunda-feira com a participação de 25.000 soldados norte-americanos e 50.000 sul-coreanos.

A Coreia do Norte, que sempre encarou estes exercícios conjuntos como um ensaio para a invasão do país, ameaçou com "um ataque nuclear preventivo".