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Agências da ONU em Gaza têm combustível para menos de um dia de operações

As agências da ONU em Gaza têm atualmente 30 mil litros de combustível disponíveis, ou seja, em menos de um dia deixarão de funcionar serviços básicos como o tratamento de águas ou os equipamentos hospitalares, foi hoje divulgado.

Agências da ONU em Gaza têm combustível para menos de um dia de operações
Notícias ao Minuto

20:33 - 07/05/24 por Lusa

Mundo Médio Oriente

O alerta foi lançado por Andrea de Domenico, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) para os Territórios Palestinianos Ocupados.

Numa conferência de imprensa 'online', Domenico detalhou que num dia normal - desde o início da guerra - as necessidades humanitárias consomem 200.000 litros de combustível, pelo que a quantidade atual só lhes permite permanecer em atividade durante algumas horas.

"A menos que o fornecimento de combustível seja retomado, todos os serviços humanitários, de comunicação e bancários serão suspensos completamente", alertou.

Embora Israel tenha prometido permitir a entrada de camiões cisterna, o funcionário da ONU viu essa possibilidade como muito difícil, dado o encerramento das passagens de Karem Shalom e Rafah pelas autoridades israelitas.

Além disso, segundo alertou Domenico, se a ofensiva militar em grande escala à cidade de Rafah (no sul da Faixa de Gaza), onde estão aglomerados 1,5 milhões de deslocados, se concretizar, é impensável imaginar o trânsito seguro dos camiões de combustível.

A maior parte do envio e distribuição de alimentos no sul do enclave está já suspensa desde segunda-feira, relatou ainda.

O responsável da ONU reconheceu que é impossível quantificar o número de famílias que já se deslocaram, mas destacou que o local onde o exército israelita pretende realojá-las carece dos mínimos necessários para se viver, além de faltarem materiais necessários para erguer novas tendas.

Se as operações militares em Rafah continuarem, os três hospitais que ainda restam no local ficarão inoperacionais "nas próximas horas, privando 1,2 milhões de pessoas de cuidados de saúde", salientou Andrea de Domenico.

Um dos desafios que a comunidade humanitária tem enfrentado recentemente é o "rápido aumento" do número de crianças sem acompanhamento em Gaza, uma situação que piorará com os ataques a Rafah.

Na manhã de hoje, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia admitido estar "perturbado e angustiado" com a renovada atividade militar em Rafah, tendo exortado Israel a pôr termo a qualquer escalada e a envolver-se construtivamente nas conversações diplomáticas em curso.

"Depois de mais de 1.100 israelitas mortos nos ataques terroristas do Hamas de 07 de outubro (...), depois de mais de 34.000 palestinianos mortos em Gaza, não vimos o suficiente? Os civis não sofreram mortes e destruição suficientes?", questionou o secretário-geral.

"Não se enganem - um ataque em grande escala a Rafah será uma catástrofe humana. Mais incontáveis vítimas civis. Inúmeras famílias novamente forçadas a fugir, sem ter para onde ir, porque não há lugar seguro em Gaza", frisou, em declarações a jornalistas na sede da ONU, em Nova Iorque.

O líder da ONU observou que esta não é apenas a sua visão, uma vez que "até os melhores amigos de Israel são claros: um ataque a Rafah seria um erro estratégico, uma calamidade política e um pesadelo humanitário".

De acordo com o ex-primeiro-ministro português, a situação está a caminhar "na direção errada", considerando ainda o encerramento das passagens de Rafah e de Karem Shalom como "especialmente prejudicial" para uma situação humanitária já grave no enclave palestiniano.

"Devem ser reabertas imediatamente", instou, alertando que o combustível que entra na cidade deverá acabar ainda esta noite.

O exército israelita confirmou no início do dia de hoje que tinha tomado o lado palestiniano da passagem de Rafah, que serve como um dos principais pontos de entrada de ajuda humanitária no enclave, como parte do que descreveu ser uma "atividade orientada" em "áreas limitadas" contra a "infraestrutura terrorista" do Hamas.

A operação foi lançada horas depois de o gabinete de guerra criado em Israel após o ataque de 07 de outubro ter concordado unanimemente em avançar com a ofensiva em Rafah, depois de o grupo islamita palestiniano Hamas ter afirmado que tinha aceitado uma proposta de cessar-fogo apresentada pelo Qatar e pelo Egito.

Telavive argumentou que o texto apoiado pelo Hamas "fica muito aquém" das exigências israelitas.

Leia Também: "Estados devem pressionar Israel" a cessar operações em Rafah

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