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Candidata da esquerda radical interrogada pela polícia francesa

A ativista franco-palestiniana Rima Hassan, sétima na lista da coligação de esquerda França Insubmissa (LFI, sigla em francês), foi hoje interrogada pela polícia de Paris, no âmbito da investigação sobre "apologia do terrorismo".

Candidata da esquerda radical interrogada pela polícia francesa
Notícias ao Minuto

18:31 - 30/04/24 por Lusa

Mundo França

"Correu tudo muito bem", disse Rima Hassan à imprensa, sorridente, após duas horas de audição.

À saída das instalações da polícia judiciária, várias centenas de apoiantes do movimento demonstravam o seu apoio à candidata da coligação dos partidos de esquerda e esquerda radical, afirmando "Rima, Paris está contigo".

A investigação foi aberta na sequência de uma entrevista no final de novembro ao meio de comunicação francês Le Crayon, na qual a jurista, de 32 anos, considerava "verdade" que o grupo islamita Hamas tinha medidas legítimas contra Israel, o que Hassan denunciou como uma edição enganosa da sua resposta.

O Hamas é considerado uma organização terrorista na União Europeia e pelos Estados Unidos, além de Israel.

Também a líder dos deputados do LFI, Mathilde Panot, foi chamada pela polícia para prestar declarações no âmbito da mesma investigação.

A acusação critica Hassan pelo seu tom em relação a Israel, um Estado que descreve como uma "entidade colonial fascista", que acusa de "mentir todos os dias", e pela utilização do slogan "do rio (Jordão) ao mar (Mediterrâneo) a Palestina será livre", expressão associada por alguns à destruição de Israel.

"A minha exigência é a igualdade de direitos desde o Jordão até ao mar pelos israelitas e palestinianos", afirmou Rima Hassan, acrescentando não questionar "de forma alguma" a existência de Israel e criticando a "preguiça intelectual" dos comentadores da questão palestiniana.

A especialista em direito internacional e sétima na lista do LFI para as eleições europeias está no centro das atenções por denunciar um "genocídio" em Gaza.

Hassan nasceu na Síria e passou a infância num campo de refugiados palestinianos nos arredores de Aleppo, antes de emigrar para França aos 10 anos, graças ao reagrupamento familiar. Tornou-se relatora do Tribunal Nacional de Asilo francês (CNDA, sigla em francês) e foi homenageada em 2022 pela Delegação Interministerial para o Acolhimento e a Integração como uma "Mulher Inspiradora".

O encontro entre Hassan e o LFI aconteceu numa conferência sobre a situação no Médio Oriente numa universidade no verão. Após os atentados do Hamas de 07 de outubro e a resposta israelita, a ativista foi contactada pelo LFI para se juntar à lista, tornando-se numa das principais figuras do partido.

Enquanto o LFI insiste na importância da causa palestiniana nestas eleições europeias, Rima Hassan ganhou visibilidade junto do grande público, pela polémica dos seus comentários e pelo seu à-vontade com os meios de comunicação social, ao ponto de conseguir ofuscar a cabeça de lista Manon Aubry.

A ativista franco-palestiniana e fundadora do Observatório dos Campos de Refugiados, cuja posição sobre o conflito israelo-palestiniano é criticada desde a extrema-direita até à esquerda, é uma das mais aplaudidas pelos ativistas pró-palestinianos, incluindo pelos estudantes franceses que nos últimos dias bloquearam universidades para apoiar a causa palestiniana.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- fez também 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

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