Mary L. Trump, sobrinha do antigo presidente dos Estados Unidos, anunciou na quarta-feira a criação de uma organização para angariar fundos, que servirão para investir em campanhas de candidatos democratas nas eleições intercalares de novembro (ou 'Midterms').

Mary Trump, psicóloga de profissão, nunca escondeu as enormes discordâncias com a família e, especialmente, o tio. Agora, depois de várias críticas ao partido republicano e depois da divulgação do rascunho do Supremo Tribunal sobre a intenção de reverter o direito ao aborto, Mary assumiu o total apoio a candidatos "pró-democracia" nas próximas eleições.

Através do Twitter, a psicóloga anunciou a criação do Fundo de Defesa de Democracia, e arrancou com o apoio a dois candidatos de peso do partido democrata nas 'Midterms': Stacey Abrams, na Geórgia, e Beto O'Rourke, no Texas.

Os dois concorrem para o cargo de governador em dois estados tradicionalmente conservadores, mas nos quais Biden esteve perto de ganhar nas últimas eleições. A candidatura de Abrams torna-se ainda mais relevante, já que, na Geórgia, Abrams tem ajudado pessoas com dificuldades económicas e burocráticas - especialmente negras - a conseguir votar, num estado que tem tomado medidas para restringir cada vez mais o direito ao voto em zonas pobres (onde os residentes são predominantemente negros e hispânicos).

The future of #VotingRights runs through Georgia and @staceyabrams has been a tireless champion in that fight. The Democracy Defense Fund is proud to endorse her campaign for Governor. pic.twitter.com/Gj6FWw4RYb

— Mary L Trump (@MaryLTrump) May 4, 2022

Já Beto O'Rourke concorre ao cargo de governador depois de ter perdido na corrida ao Senado contra o incumbente Ted Cruz, um dos conservadores pró-Donald Trump de maior estatuto.

No site da nova organização, o fundo escreve que se compromete a "salvar o país dos traidores autoritários que o tentam destruir", e avisa que "a tentativa de golpe de estado no dia 6 de janeiro de 2021 pode ter falhado, mas os seus arquitetos foram encorajados e já estão a planear o próximo".

Em 2020, no seu livro 'Demasiado Tarde e Nunca Suficiente - Como a minha família criou o homem mais perigoso do mundo', a sobrinha de Donald Trump contou que o então presidente norte-americano foi criado num ambiente de toxicidade, falta de empatia e excessiva masculinidade, que levaram a uma personalidade mais agressiva que transpareceu quando Trump estava na Casa Branca.

Mary Trump, de 55 anos, filha do irmão de Donald Trump, Freddy, escreveu também no seu livro as ligações de Donald Trump a grupos violentos de extrema-direita, como os Proud Boys, e acusou o tio de "promover a divisão e o caos" e de ser "um supremacista branco racista".

O lado da família de Donald Trump opôs-se completamente à publicação e houve várias tentativas de impedir a publicação do livro, mas a justiça deu razão a Mary Trump.

Em 2021, já fora da presidência e a viver no seu 'resort' na Flórida, o ex-presidente dos Estados Unidos - mas ainda um dos líderes do Partido Republicano e preferido para concorrer em 2024 - processou a própria sobrinha e o jornal New York Times por causa de um artigo publicado em 2018 sobre os seus impostos, que Trump nunca publicou enquanto era presidente.

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