"A resolução 2231 (da ONU) foi transgredida de maneira flagrante pelos Estados Unidos", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Riabkov, acrescentando que "nesta situação, é uma irresponsabilidade política" culpar o Irão pela redução nos seus compromissos nucleares.

Em declarações à agência russa Interfax, Sergei Riabkov explicou que, feita uma análise atenta da relação causa-efeito, é preciso apelar a todos os membros responsáveis da comunidade internacional a fazerem a mesma avaliação e sublinhar que um membro permanente do Conselho de Segurança, os Estados Unidos, violou uma das suas resoluções.

O vice-ministro russo referia-se à resolução unânime do Conselho de Segurança, que endossou o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA, sigla em inglês), como é chamado o acordo nuclear com o Irão.

"Para nós, as medidas anunciadas pelo lado iraniano de continuar a reduzir os compromissos voluntários assumidos no âmbito do JCPOA não foram uma surpresa", disse Riabkov.

Riabkov acrescentou que a decisão de Teerão foi "de facto inevitável", uma vez que "o Irão não obtém nenhum resultado económico do cumprimento do JCPOA".

"Além disso, nos últimos tempos, as perspetivas de cumprimento do JCPOA ficaram ainda mais complicadas devido ao agravamento da situação no Golfo Pérsico e à falta de desejo dos participantes no JCPOA de criar uma frente unida para aumentar a sua estabilidade", afirmou o vice-ministro russo.

Ao mesmo tempo, Riabkov enfatizou que as medidas anunciadas pelo Irão são "tecnicamente reversíveis".

"Isso é importante que entendam aqueles que se querem aproveitar da situação para continuar a aumentar a temperatura política", disse Riabkov, que pediu contenção.

O Kremlin, por sua vez, expressou preocupação com o desenvolvimento da situação em torno do JCPOA e o seu interesse na preservação do pacto nuclear com o Irão.

"Entendemos a preocupação do Irão à luz das ações de alguns países, à luz das sanções ilegais sem precedentes que são tomadas contra esse país", disse o porta-voz da Presidência Russa, Dmitri Peskov.

Peskov enfatizou que "a destruição do JCPOA não promete nada de bom".

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou hoje que o seu país retomará o enriquecimento de urânio em 1.044 centrifugadoras na central de Fordo, na quarta etapa da redução de seus compromissos em relação ao pacto nuclear.

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