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Ricardo Salgado, "a vítima disto tudo"

O silêncio que Ricardo Salgado fez sobressair nos últimos meses foi destronado por uma longa e morosa audição que teve um único sentido: descartar responsabilidades. Na Comissão de Inquérito ao BES, o – outrora – ‘dono disto tudo’ mostrou uma faceta mais paciente e assumiu a postura de "vítima disto tudo", como classificou a deputada bloquista Mariana Mortágua.

Ricardo Salgado, "a vítima disto tudo"
Notícias ao Minuto

08:48 - 10/12/14 por Daniela Costa Teixeira

Economia Comissões

Os deputados lançavam as farpas e Ricardo Salgado agia protegendo-se com escudo que passava toda e qualquer responsabilidade para ‘este e aquele’. Durante a longa audição desta terça-feira, o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) apresentou o seu ponto de vista sobre o que aconteceu à instituição que liderou durante largos anos, assumindo que poderá “ter tomado decisões que não foram as mais adequadas”, mas que não terão "sido letais" para o banco.

Salgado não se culpabilizou pelo colapso iminente ocorrido em julho e lamentou o facto de a sua família e do próprio terem sido “julgados em praça pública” nos últimos meses.

A postura serena e defensora do antigo banqueiro levou mesmo a que os deputados da Comissão Parlamentar o acusassem de se estar a vitimizar. Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), foi mais longe e ironizou com o título de ‘dono disto tudo’, classificando Salgado naquele momento como “a vítima disto tudo”.

E isto porque, além de não assumir responsabilidades, Salgado defendeu a sua idoneidade, mudando a direção dos dedos que lhe iam sendo apontados. Depois de ter começado por culpar a crise financeira que se abateu sobre Portugal, apontou responsabilidades para Machado da Cruz, que segundo o ex-líder do BES era o responsável pela administração e manipulação das contas da ESI e pelo consequente buraco de 1,3 mil milhões de euros.

O primo José Maria Ricciardi – que fora ouvido ao final da tarde no Parlamento – foi também alvo de críticas e culpas por parte de Salgado, que o acusou de ter um “comportamento no mínimo muito duvidoso” e de ter “tido alguma contrapartida” por ter feito a denúncia ao Banco de Portugal (BdP), instituição que também não escapou às culpas lançadas por Salgado.

As provisões impostas pelo regulador ao BES para exposição ao Grupo Espírito Santo (GES) foram classificadas como excessivas e impulsionadoras dos prejuízos que bateram o recorde de 3,6 mil milhões de euros – montante apresentado pelo BES no fatídico 30 de julho de 2014.

A gestão do dossier Angola também foi abordada, tendo Ricardo Salgado defendido que o que aconteceu ao BESA “foi uma lástima” e consequência da colocação desta operação no ‘banco mau’, já em agosto.

Para Salgado, a culpa ‘disto tudo’ não só não é sua como “isto tudo estava mais ou menos orientado para o mesmo”. “O Lehman faliu, mas o BES não faliu. O BES foi obrigado a desaparecer”, disse, criticando, mais uma vez, o Banco de Portugal que acusa de nunca ter mostrado “disposição” para “receber potenciais interessados”.

Ricardo Sangado passou horas a defender o seu nome e o nome da sua família, a descartar culpas e responsabilidades assim como o título de ‘dono disto tudo’: “Nunca pensei ser o dono disto tudo; foi uma caracterização que me foi colocada certamente para me prejudicar no futuro”.

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