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Movimento regressa ao 'coração' da cidade de Viseu

O 'coração' da cidade de Viseu passou a bater mais energeticamente depois de a rua Direita ter sido alvo de uma 'operação plástica' que possibilitou a habitação em prédios reabilitados e a frequência de jovens numa escola recentemente instalada.

Movimento regressa ao 'coração' da cidade de Viseu
Notícias ao Minuto

11:53 - 22/10/16 por Lusa

País Reportagem

Ao todo, são 15 as novas famílias que, durante o mês de outubro, passaram a viver no centro histórico da cidade, em habitações reabilitadas pelo município de Viseu, no âmbito do programa 'Reabilitar para Arrendar'.

Clarice Lugatte tem 26 anos e vive com o companheiro numa travessa paralela à rua Direita, num desses apartamentos requalificados, que alugou por "uma quantia simpática de 163 euros".

"O apartamento é charmoso e esta é uma zona aconchegante, onde sempre quisemos morar. Se não fosse com estas condições especiais, seria muito difícil alugar casa em pleno centro histórico, onde as rendas são muito sobrevalorizadas pelos proprietários dos imóveis", explicou.

Mas, melhor do que viver na zona histórica, é morar e trabalhar em pleno 'coração' da cidade de Viseu.

Num outro prédio reabilitado da rua Direita, Clarice Lugatte montou uma loja de roupa, com um conceito diferente, onde os clientes podem beber um café e encontrar alguns artigos 'vintage'.

"Esta rua está a ficar com outra cara, sofreu uma verdadeira operação plástica. Está a ganhar outro espírito e a ficar cada vez mais jovem, também graças à vinda da escola", acrescentou.

A Escola Profissional Mariana Seixas mudou recentemente de instalações para a rua Direita, levando diariamente cerca de 400 alunos e professores a esta artéria.

"Agora, vemos muitos jovens e posso dizer que a nossa clientela vai dos 12 aos 80 anos. A vinda desta escola já permitiu estabelecer uma parceria e, para festejar o 'Halloween', teremos uma montra viva com alunos do curso de Multimédia", informou.

Na porta ao lado, Manuel Lopes tem montada a sua barbearia, em instalações completamente renovadas.

"Sou barbeiro na rua Direita há 40 anos, primeiro num prédio que estava em ruínas e do qual tive de sair. Já assisti a várias fases desta zona histórica, tendo sido a mais próspera no final da década de 1980", relatou.

Aos 74 anos, Manuel Lopes recorda que nessa fase contava, por curiosidade, o número de pessoas que subiam e desciam a rua Direita.

"Chegava a contar 70 pessoas, por minuto, que passavam num sentido da rua. Com outras tantas no sentido inverso, eram cerca de 150 pessoas que passavam por minuto", sublinhou.

Agora, "a primeira metade da rua Direita tem alma nova", mas "ainda é preciso tratar da outra metade".

"As pessoas podem não ter dinheiro, e nota-se que não têm, mas pelo menos já se veem rua acima e rua abaixo. Parece que esta rua, aos poucos, está a renascer", referiu.

O proprietário de uma loja de roupa da mesma artéria, Manuel Campos, diz conhecer a zona histórica como a palma das suas mãos.

"Comecei aqui a trabalhar aos 11 anos como empregado e já cá estou há 54 anos, agora como proprietário. A rua Direita é, sem dúvida, uma referência da cidade, uma espécie de ponto de encontro e dá gosto ver com mais movimento", frisou.

Entre os moradores mais antigos da rua Direita está Margarida Almeida, mãe do presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, que tomou posse em 2013 e que, de então para cá, elegeu a reabilitação do centro histórico como uma das suas prioridades.

Aos 80 anos, Margarida Almeida mostra-se agradada com o novo pulsar desta artéria, onde vive há mais de metade da sua vida.

"Já assisti a várias fases desta rua: quando aqui cheguei, há 41 anos, o movimento começava a sentir-se pelas seis da manhã, com as pessoas a passarem para a antiga praça. Com a saída da praça, a rua Direita, que tinha comércio porta sim, porta sim, começou a descambar", lamentou.

Com o passar dos anos alguns prédios envelheceram e ficaram em ruínas, chegando mesmo a ser perigosos para quem passasse.

"Resisti aqui nessa fase porque não me imagino a viver noutro sítio. Agora, já passamos e vemos vários prédios renovados, assim como imensos jovens, com a vinda da escola, o que quer dizer que quem está a trabalhar, está a fazê-lo bem", apontou.

A viver há menos de um mês na rua Direita com a filha, Célia Almeida não tem dúvidas de que se requalificarem mais prédios, mais jovens irão morar para esta zona nobre da cidade.

"E não vêm só pelo facto das rendas serem baixas, mas porque estamos em pleno centro da cidade. Posso ir a pé ou de bicicleta para o trabalho e, só por isso, já acordo de manhã com outra disposição", concluiu.

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