Pesca do tubarão "em risco". Estudo pede definição de quotas
Os tubarões do Atlântico Norte estão ameaçados devido à alta sobreposição de barcos no seu 'habitat' natural e a criação de quotas é a medida mais eficaz para proteger aqueles peixes, alertou hoje um investigador da Universidade do Porto.
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País Atlântico
"Os sítios onde os tubarões se movimentaram foram ocupados por barcos em algum momento e os registos é que ocuparam cerca de 80% do espaço dos tubarões", revela um estudo científico internacional realizado pelo Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, em colaboração com investigadores de Espanha, Inglaterra e EUA.
Em entrevista telefónica à Lusa, Nuno Queiroz, coordenador da equipa portuguesa envolvida na investigação científica, realça que o que "choca neste trabalho" são os números e defende que a medida "mais eficaz" para proteger os tubarões é a implementação de quotas.
"Continuar sem regra regras nenhumas é que não pode acontecer", declara à Lusa o investigador da Universidade do Porto, referindo que a regulamentação da pesca de tubarões permanece escassa e que esta situação, bem como a eventual falha dos esforços de conservação destas espécies, decorrem da falta de informação sobre os locais onde a sobreposição entre os tubarões e os navios de pesca é maior.
O estudo sobre o comportamento de tubarões no Atlântico Norte, realizado ao longo dos últimos dois anos, revela também que a "preferência ambiental de um tubarão é muito semelhante às preferências ambientais dos pescadores".
"Os tubarões têm preferência por zonas frontais, por zonas no oceano onde a temperatura da água varie muito depressa", explica.
Dados por estimativa com base nas barbatanas de tubarão que chegam a Hong Kong, na China, indicam que são capturados cerca de 10 milhões de tubarões no mundo por ano e que o oceano onde estes peixes são mais capturados é no Índico, seguido do Atlântico e depois o Pacífico, adianta o especialista.
No Oceano Atlântico, a frota que mais pesca tubarões é a Espanha, seguida da frota de Portugal.
O estudo, que foi publicado recentemente na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), analisou 186 barcos, sendo cerca de 20 de origem portuguesa e os restantes eram espanhóis.
Portugal está entre os dez países da Europa que mais capturam tubarões, pescando cerca de 15 mil toneladas por ano, embora muitas dessas capturas acontecem devido à "pesca não dirigida", designadamente de atum ou espadarte, contou Lusa, por seu turno, o biólogo José Neves.
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