"Optámos por uma reforma. A justiça não aguentava remendos"
Em entrevista ao semanário Expresso, Paula Teixeira da Cruz fala este sábado sobre a reforma judicial, garantindo que o sistema judicial português não aguentava mais remendos. Sobre os problemas no Citius, que levaram ao afastamento de quatro pessoas, a governante lembra que não é informática.
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“Optámos por uma lógica de reforma integrada ou não teríamos um sistema articulado. Teríamos remendos e a Justiça não aguenta mais remendos”, refere Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça, em entrevista ao Expresso, referindo que apesar de ainda poder haver quem não sinta o impacto da reforma esta melhorou o estado do sistema judicial.
Sobre os problemas ocorridos no Citius, o sistema informático que serve de base aos tribunais, lembra Teixeira da Cruz, que não é informática. Por essa razão, “saio muito tranquila, sei quais são os resultados, sei como estamos a ser apontados como exemplo na Europa”, garante.
Numa legislatura marcada por casos como os da detenção de José Sócrates, o caso BES ou as condenações no processo face oculta, a ministra considera que a mudança de paradigma foi positiva para o país, até porque a promiscuidade entre público e privado, política e economia, é um problema cultural.
“Para quem sabe como o país vive desde os Descobrimentos – com toda a promiscuidade entre público e privado – não, não me surpreendeu. É cultural”, atira a ministra da Justiça.
Porém, instada a comentar a detenção de José Sócrates, ex-primeiro-ministro, garante a ministra que é bom para a democracia portuguesa, ainda que tenham existido alguns abusos.
“Sem particularizar, diria que é sempre bom escrutinar publicamente, mas não devassar. Há que compatibilizar a liberdade de imprensa com os direitos dos arguidos. Acho que em Portugal isso tem acontecido. É evidente que há casos de violação de segredo de Justiça que muitas vezes servem os interesses das partes”, explica a ministra social-democrata.
Por fim, garantindo que é seu desejo voltar à atividade profissional que exercia, a ministra diz que quando chegou o país estava na bancarrota e que, hoje, está melhor, razão pela qual está “tranquila com o que fizemos”.
“Ninguém pode gostar de uma experiência de poder, se o exercer efetivamente. Exercer o poder é verter vinagre. É uma escolha permanente, é uma exigência permanente, é um exercício de não-vida, é uma missão, se se quiser levar o exercício do poder a sério. Só é agradável na medida em que sinto que fiz alguma coisa por Portugal”, explica.
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