O controle do aeroporto pode colocar em situação difícil as tropas federais, que com todas as vias bloqueadas não poderão continuar a receber armas, munições ou reforços.

"Os tiros de uma arma pesada da área do aeroporto de Bahir Dar atingiram uma casa esta manhã no [bairro de] Keble 16, matando um casal", lamentou um morador que pediu anonimato em declarações à agência Efe.

A região de Amhara, no norte da Etiópia, ficou hoje sem ligações aéreas, depois de a Ethiopian Airlines ter cancelado os últimos voos programados de quarta a sexta-feira, devido aos combates entre o exército federal e milícias locais, noticiou a agência France-Presse.

A companhia aérea nacional já tinha suspendido, desde a semana passada, as ligações aos outros três aeroportos regionais, concretamente de Gondar, Lalibela e Dessie.

Os combates no oeste de Amhara bloquearam um grupo de 18 turistas espanhóis e o guia que os acompanhava, na vila de Addis Zemen.

A luta pela cidade de Bahir Dar começou no último sábado, quando o exército federal etíope abriu fogo contra um grupo de jovens que bloqueava uma estrada dentro da cidade, deixando pelo menos seis mortos, segundo uma fonte citada pela Efe.

Além de Bahir Dar, os combates acontecem ao mesmo tempo na populosa cidade de Gondar, cerca de 170 quilómetros ao norte da capital regional, disseram vários moradores.

Já no passado domingo, o governo central da Etiópia reconheceu ter perdido o controlo de várias zonas da região de Amhara durante os últimos dias de combates, embora não tenha indicado em que zonas se encontrava.

O governo federal declarou, na sexta-feira, estado de emergência em Amhara, a segunda região mais populosa da Etiópia e assolada por combates mortais, apenas nove meses após o fim de um conflito na região vizinha do Tigray.

As forças de Amhara, incluindo a milícia nacionalista Fano, foram os principais aliados do governo entre novembro de 2020 e novembro de 2022.

As tensões surgiram em abril, depois de o primeiro-ministro Abiy Ahmed anunciar que queria desmantelar as "forças especiais", unidades paramilitares criadas por estados regionais nos últimos 15 anos.

Os confrontos entre o exército e os combatentes de Fano aumentaram, levando vários países estrangeiros a recomendar evitar a região.

Os Estados Unidos da América expressaram preocupação com a violência no segundo país mais populoso da África e a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a manutenção do "acesso ininterrupto e proteção do sistema de saúde em Amhara".

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