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"Um inferno". Realizador japonês descreve condições de prisões em Myanmar

Toru Kobuta foi preso pela junta militar, que governa o país desde março de 2021 sob um regime de ditadura militar.

"Um inferno". Realizador japonês descreve condições de prisões em Myanmar
Notícias ao Minuto

10:48 - 29/11/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Myanmar

O realizador e jornalista Toru Kubota esteve preso durante quase quatro meses em Myanmar e, depois de ter sido libertado este mês, descreveu na segunda-feira que as condições fornecidas pela junta militar que tomou conta do país são desumanas e deploráveis, pedindo mais ação por parte das autoridades japonesas.

Numa conferência de imprensa após ser libertado, citada pela NBC News, Kobuta contou que estar preso em Myanmar foi "horrível", explicando que a cela onde foi retido era tão pequena que não conseguia deitar-se para dormir, além da falta de condições de higiene e os vários episódios de agressão a que assistia.

"Foi horrível. Entendi o conceito de inferno", afirmou, revelando que esteve preso na famosa prisão de Insein, um local conhecido por ser palco de alguns dos maiores abusos de direitos humanos registados.

O realizador japonês já realizou vários documentários sobre os perseguidos refugiados rohingya em Myanmar, para órgãos como a Al Jazeera e a Vice. Toru Kobuta foi detido em julho enquanto cobria um protesto contra a repressão e foi condenado pelas autoridades autoritárias do país a 10 anos de prisão, mas acabou por ser libertado quatro meses depois juntamente com outros cidadãos (um britânico e um australiano), graças a um acordo de amnistia.

Um dos detidos, o australiano Sean Turnell, conselheiro económico da líder deposta Aung San Suu Kyi, também descreveu celas sujas e condições de vida muito difíceis, e acrescentou que foi obrigado a comer a partir de um balde.

Kubota foi detido em julho pela junta militar de Myanmar, que já prendeu milhares de estudantes, políticos, jornalistas e estrangeiros a quem acusa de promover dissidência contra o regime. Em fevereiro de 2021, o exército levou a cabo um golpe militar na capital de Myanmar, afastando Aung San Suu Kyi do poder pouco depois de uma vitória esmagadora nas eleições - e que foi entretanto condenada a décadas na prisão - e instaurando uma forte ditadura militar.

Desde então, as tentativas de protesto por parte do povo têm sido combatidas com o uso da força, milhares de pessoas foram detidas e algumas foram mesmo mortas pela polícia. O uso da internet e de comunicações com o exterior passou a ser muito difícil, e a comunidade internacional reagiu com o corte de apoio internacional ao país.

Kubota aproveitou a sua libertação para apelou a uma maior proatividade ao Japão, aos Estados Unidos e à União Europeia, pedindo mais sanções e condenações contra a violência do governo. "Espero que o governo japonês tenha uma posição muto mais forte no que diz respeito ao exército de Myanmar", disse, esperando que os fundos monetários que investem em Myanmar sejam mais escrutinados.

Segundo várias organizações de direitos humanos, cerca de 13 mil pessoas continuam detidas em Myanmar por motivos políticos - dessas, mais de 1.600 foram condenadas à prisão. Cerca de 2.000 pessoas morreram entre os protestos contra a junta militar e a forte crise humanitária, aliada à repressão política, causou cerca de 700.000 refugiados. Myanmar já tem cerca de 600.000 refugiados rohingya, uma das maiores minorias étnicas sem território, que já são perseguidos pelo governo e denunciam tentativas de genocídio - e mais de 900.000 vivem em campos de refugiados sobrelotados no Bangladesh.

Leia Também: Myanmar vai libertar cerca de seis mil presos, quatro deles estrangeiros

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