"O que Lukashenko está a fazer é a ameaçar as pessoas, prepará-las para possíveis ataques da Ucrânia, por isso está à procura de inimigos externos. Ele diz que a Ucrânia vai atacar-nos porque quer justificar a presença de tropas russas no nosso território", disse a líder da oposição bielorrussa no exílio numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu, ao lado do líder do Partido Popular Europeu (PPE), o alemão Manfred Weber.
"Mas os bielorrussos entendem que não há ameaça da Ucrânia, da Polónia ou de qualquer outro país democrático e entendem que agora Lukashenko cumpre a vontade do seu mestre (Presidente russo Vladimir) Putin e perdeu o controlo pelo menos da situação militar no nosso país", acrescentou.
Svetlana Tikhanovskaia afirmou ainda que entre o exército bielorrusso "não há vontade" de lutar contra os ucranianos.
A Bielorrússia é um dos aliados mais próximos da Rússia na campanha militar na Ucrânia, tendo-lhe emprestado o seu território, desde fevereiro passado, para as tropas russas entrarem no país vizinho e oferecendo-lhe ajuda logística, segundo Kiev.
Lukashenko disse no final de setembro que não tem intenção de mobilizar tropas para participar na guerra.
A oposição bielorrussa considera, no entanto, que o Presidente da Bielorrússia e Putin estão a tentar "aumentar e legalizar o constante destacamento de tropas em território bielorrusso", o que representa "uma ocupação".
"A nossa posição é clara: a Bielorrússia deve retirar-se oficialmente da participação na guerra. Todos os soldados russos devem deixar a Bielorrússia incondicionalmente e todos os envolvidos no ataque russo a partir da Bielorrússia devem ser responsabilizados", declarou a opositora.
Para isso, pediu "mais apoio" da União Europeia (UE) ao seu país, uma vez que o seu futuro "está ligado" ao da Ucrânia, com quem partilham o "mesmo inimigo", e assegurou que "a Bielorrússia também deve estar na ordem do dia" uma vez que "faz parte do problema".
"Sem uma Bielorrússia livre haverá uma ameaça constante contra a Ucrânia, contra os nossos países, é por isso que não deve haver nenhum soldado russo no nosso país", insistiu.
O líder do PPE salientou, por sua vez, que para aquela família política europeia Svetlana Tikhanovskaia é a "líder eleita" da Bielorrússia, uma vez que não reconhecem os resultados das eleições de 2020 que deram como vencedor Lukashenko, o "amigo mais próximo de Putin".
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