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Timor. Alkatiri pede que Justiça não se intimide no caso de ex-padre

O ex-primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, pediu hoje ao setor judicial do país para não se deixar intimidar ou pressionar no julgamento de um ex-padre acusado de pedofilia e que começa a ser julgado na segunda-feira.

Timor. Alkatiri pede que Justiça não se intimide no caso de ex-padre
Notícias ao Minuto

13:07 - 21/02/21 por Lusa

Mundo Timor

"Espero que nem juízes, nem procuradores se sintam pressionados. Apelo a todo o Ministério Público e aos tribunais para não se deixarem intimidar. E, fundamentalmente, garanto a todos aqueles que foram vítimas que terão o meu apoio total", afirmou Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido do Governo, em declarações à Lusa.

"Se realmente houver alguma ameaça ou intimidação em Oecusse, a minha proposta é transferir o julgamento para Díli, para que haja uma justiça equilibrada. O que merece ser defendido é defendido e os que podem, por trás, tentar manipular a justiça, devem ser colocados no devido lugar", afirmou.

Richard Daschbach, de 84 anos, detido em 2019, já punido pelo Vaticano, é acusado de abusar de pelo menos duas dezenas de crianças no orfanato onde trabalhava, o Topu Honis, localizado em Oecusse.

O Ministério Público acusa ainda Daschbach dos crimes de pornografia infantil e violência doméstica.

Sem precedentes em Timor-Leste, por envolver um antigo membro da Igreja, o caso tem suscitado polémicas e intensos debates.

Fontes atuais e passadas do setor judicial timorense, ouvidas pela Lusa, destacam a importância do processo, admitindo que o resultado, seja ele qual for, pode ter um impacto significativo, silenciando ou dando confiança a outras vítimas.

Alkatiri reagia a notícias da Lusa que indicam que Xanana Gusmão, ex-Presidente da República timorense, foi arrolado como testemunha de defesa de Daschbach e que ambos, que viajaram juntos na quinta-feira de Díli, estão alojados no mesmo hotel em Pante Macassar.

Mateus Assunção Mendes, superintendente-chefe e comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), confirmou à Lusa que Xanana Gusmão, Daschbach e o resto da comitiva estão alojados no mesmo hotel em Pante Macassar, capital do enclave.

"Sim, estão no mesmo local", confirmou.

Xanana Gusmão não reagiu até agora à polémica. A Lusa tentou várias vezes falar com Xanana Gusmão, no local onde se encontra alojado, sem êxito.

Alkatiri disse que não tem "nada contra o arguido" e que não lhe cabe fazer justiça, mas que em causa está uma questão de "afirmação do poder e da autoridade do Estado" timorense.

"Xanana não é Estado. Há já uma decisão com base no direito canónico, que um país de maioria católica como Timor-Leste deve respeitar, pelo menos até à decisão da justiça formal do Estado timorense", disse.

"A presunção da inocência vale para todos. Mas estranha-me esta posição militante do Xanana, a defender alguém que a própria Igreja já considera um pedófilo. É extremamente estranho que Xanana Gusmão, que se afirma católico, não tenha como primeira lealdade a religião. No mínimo devia abster-se de tomar uma posição contra a liderança máxima da igreja católica", considerou.

Dada a natureza do caso, o julgamento decorre à porta fechada, com o coletivo de três juízes a ouvir primeiro a leitura da acusação, pelo Ministério Público, antes de dar oportunidade a Daschbach para que faça uma declaração.

A declaração, de culpa ou de inocência, ou o eventual silêncio, determinarão depois o andamento do processo.

Mateus Assunção Mendes confirmou à Lusa que efetivos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) vão montar um perímetro de segurança em redor do Tribunal de Oecusse

"O tribunal está a pedir para a segurança ser reforçada no exterior e no perímetro. Antes de o julgamento começar, lá estaremos, de prevenção", afirmou.

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