Meteorologia

  • 19 MAIO 2024
Tempo
13º
MIN 13º MÁX 21º

Sarkozy vai contestar inquérito judicial sobre financiamento líbio

Oito anos depois das primeiras alegações sobre um financiamento líbio da campanha presidencial de Nicolas Sarkozy de 2007, o ex-Presidente e outros arguidos vão contestar a validade do inquérito judicial, noticiou hoje a agência AFP.

Sarkozy vai contestar inquérito judicial sobre financiamento líbio
Notícias ao Minuto

14:18 - 08/06/20 por Lusa

Mundo Sarkozy

Uma primeira audiência deste contra-processo tinha sido agendada para 19 de março, mas foi adiada devido à pandemia associada à covid-19.

Além de Nicolas Sarkozy, os seus antigos ministros Claude Guéant e Eric Woerth, todos formalmente acusados, assim como Brice Hortefeux, que não foi acusado, apresentaram recursos que serão apreciados à porta fechada.

Todos suscitam uma série de alegadas nulidades do inquérito, aberto na sequência da publicação em 2012 de um documento que alegadamente prova o financiamento da primeira campanha para as eleições presidenciais de Sarkozy pelo líder líbio Muammar Kadhafi, morto em 2011.

A decisão sobre os recursos será decisiva para a continuação do processo.

Entre os elementos recolhidos pela justiça francesa nos últimos sete anos para sustentar a tese de financiamento ilegal consta o testemunho de um empresário franco-libanês, Ziad Takieddine, formalmente acusado, que disse ter entregue cinco milhões de euros a Sarkozy, então ministro do Interior, e ao seu chefe de gabinete, Claude Guéant.

No entanto, nenhuma prova material foi encontrada, apenas movimentos de fundos suspeitos, que já levaram a nove acusações formais.

Nicolas Sarkozy, formalmente acusado de "corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e recetação de desvio de fundos públicos líbios", alega no recurso o direito à imunidade presidencial em relação às acusações de concessão de contrapartidas, após a sua eleição, ao regime de Kadhafi.

Em relação às acusações relativas ao período antes de ser eleito, quando era ministro do Interior (2005-2007), Nicolas Sarkozy e Brice Hortefeux afirmam que só o Tribunal da Justiça da República tem competência para se pronunciar, uma vez que aquela é a única instância habilitada a julgar membros de um governo por factos ocorridos no exercício de funções.

O procurador-geral, que pediu a validação das investigações, sustenta que os atos de que são acusados não têm uma ligação direta às funções que exerciam.

Um outro protagonista do processo, o empresário Alexandre Djouhri, entregue pelas autoridades britânicas à justiça francesa em janeiro passado, também apresentou vários recursos, contestando nomeadamente o mandado de detenção europeu de que foi alvo, emitido por magistrados anticorrupção de França.

Djouhri é suspeito de ter entregado 500.000 euros ao chefe de gabinete de Sarkozy, Claude Guéant, que terá intervindo junto da EADS, atualmente grupo Airbus, para o pagamento de uma comissão exigida pelo empresário por uma venda de aviões à Líbia.

Guéant afirma que recebeu o dinheiro como pagamento de dois quadros de pintura flamenga que vendeu.

O nome do ex-secretário-geral da presidência e ex-ministro de Sarkozy surge também no inquérito pela venda, em 2009, de uma moradia na Côte d'Azur a um fundo líbio gerido por um dignitário do regime de Kadhafi, Bashir Saleh.

Guéant é acusado de ter vendido a casa a um preço sobreavaliado para dissimular eventuais pagamentos ocultos.

Além deste caso, Nicolas Sarkozy vai ser julgado em outubro por corrupção, naquele que será o primeiro processo por corrupção contra um antigo chefe de Estado em França.

Sarkozy é acusado de "corrupção e tráfico de influências" no âmbito do chamado "caso das escutas", em que é suspeito de tentar obter, através do seu advogado Thierry Herzog, informações protegidas pelo segredo de justiça junto do juiz Gilbert Azibert, em troca de um importante cargo no Mónaco.

O julgamento vai realizar-se entre 05 e 22 de outubro, depois de uma audiência intermédia marcada para 17 de junho.

O processo tem a sua origem em escutas ao telefone de Sarkozy, executadas por ordem judicial para esclarecer as suspeitas de financiamento ilícito por Kadhafi.

Contudo, as escutas revelaram também conversas entre o ex-presidente e o seu advogado sobre a necessidade de obter, através do juiz Azibert, informação sobre o processo sumário, em que acabou por se ilibado, que investigava o alegado financiamento ilegal da campanha de 2012 pela herdeira do império de cosmética L'Óréal, Liliane Bettencourt.

Em troca das informações, Sarkozy prometeu ao juiz favorecer o acesso a um importante cargo no Mónaco, o qual nunca chegou a ocupar.

Nicolas Sarkozy, Presidente entre 2007 e 2012, perdeu as eleições de 2012 para o socialista François Hollande e retirou-se da política em 2016, depois de ser derrotado nas primárias do seu partido Les Républicains para a candidatura à presidência.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório