Pence discursava na cerimónia solene realizada hoje no Capitólio, sede do Congresso norte-americano em Washington, em honra do senador e ex-candidato presidencial republicano John McCain.

A urna com os restos mortais de McCain, um antigo piloto da Força Aérea da Marinha americana que foi prisioneiro de guerra no Vietname, chegou ao Capitólio pelas 10:53 locais (15:53 em Lisboa) e estará em câmara ardente numa sala situada por baixo da cúpula do reconhecido edifício, uma honra reservada a pouco mais de três dezenas de pessoas na história norte-americana.

Na mesma intervenção, o vice-Presidente dos Estados Unidos admitiu que nem sempre concordou com McCain em algumas questões-chave.

"Durante 35 anos, John serviu nestes mesmos salões sob esta mesma cúpula. E lutou por aquilo que acreditava. Nos meus anos no Congresso e como vice-Presidente, nem sempre concordámos (...) Mas o seu apoio a um Governo limitado, a uma reforma tributária e o seu apoio às nossas Forças Armadas certamente deixaram a nossa nação mais próspera e mais segura", declarou Pence, citado pelos 'media' norte-americanos.

"Sentiremos a sua falta. Como disse ontem [quinta-feira] o Presidente [Donald] Trump, respeitamos o seu serviço ao país", disse o vice-Presidente norte-americano.

Pence prosseguiu e proferiu algumas palavras dirigidas diretamente à família do senador: "Em nome de uma nação agradecida, lembraremos sempre que John McCain serviu o seu país e que John McCain serviu honrosamente o seu país".

O grande ausente nas cerimónias previstas é o atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem McCain tinha fortes divergências.

Antes do discurso de Pence, os líderes republicanos do Senado (câmara alta do Congresso) e da Câmara dos Representantes (câmara baixa) também fizeram uma intervenção.

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, que muitas vezes discordou publicamente com McCain nas mais diversas matérias como foi o caso do financiamento das campanhas eleitorais, lembrou o senador como um adversário político difícil.

"Ele tinha o espírito de luta americano", lembrou McConnell.

"Vou sentir a falta de um querido amigo, cujo sorriso nos lembrava que o serviço [de legislador] é um privilégio", afirmou o político, agradecendo ainda a Deus por ter dado aos Estados Unidos uma figura como John McCain.

Também o presidente da Câmara dos Representantes, o também republicano Paul Ryan, falou na cerimónia e lembrou o espírito de lutador e a dedicação de McCain ao país.

"O que se destaca sobre John McCain era o que ele representava", disse Ryan.

"As ricas bênçãos que só a liberdade pode dar. O sentido de propósito que uma batalha unida pode trazer. A comum humanidade que arde em cada um dos nossos corações", salientou.

Poucos momentos depois da entrada da urna na sala do Capitólio, a cerimónia solene começou com uma oração em honra de John McCain e pela sua dedicação ao serviço público e conduta militar.

"Por falar a verdade como ele a entendia, mesmo quando não era politicamente conveniente fazê-lo", referiu a oração citada pela imprensa norte-americana.

Depois da cerimónia solene, a sala do Capitólio estará aberta ao público, para quem quiser prestar uma última homenagem ao senador republicano.

Esta cerimónia acontece antes das cerimónias fúnebres, previstas para sábado na Catedral Nacional de Washington, e do funeral privado no cemitério da Academia Naval em Annapolis, no domingo.

A cerimónia de sábado, que será transmitida em direto nos Estados Unidos, será marcada pelos elogios fúnebres realizados pelos ex-Presidentes Barack Obama (2009-2017) e George W. Bush (2001-2009).

John McCain, senador que representou o Estado do Arizona no Congresso desde 1987, morreu no passado dia 25 de agosto aos 81 anos na sequência de um tumor no cérebro.