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Doentes oncológicos devem ser encaminhados para unidades 'free Covid-19'

Esta quinta-feira, no Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, o cirurgião geral e coordenador do Centro de Referência Oncologia Adultos - cancro do esófago no Centro Hospitalar Universitário S. João, Prof. Doutor José Barbosa, partilha um artigo de opinião com o Lifestyle ao Minuto, no qual lembra a população portuguesa de que há unidades 'free Covid-19' às quais os doentes oncológicos podem recorrer em caso de diagnóstico positivo, para uma resposta atempada. O texto que se segue é da sua autoria.

Doentes oncológicos devem ser encaminhados para unidades 'free Covid-19'
Notícias ao Minuto

17:00 - 04/02/21 por Notícias Ao Minuto

Lifestyle Artigo de opinião

A importância de um diagnóstico e tratamento precoces está hoje, mais do que nunca, em evidência. Devido à atual situação de pandemia, os doentes oncológicos optam cada vez mais por adiar a ida ao médico por medo de ficarem infetados com a Covid-19, colocando-se muitas das vezes em situações de risco muito mais acentuado. Da mesma forma muitos utentes sem diagnóstico estabelecido têm medo de recorrer aos locais onde se realizam os meios de diagnóstico para marcação dos seus exames e mesmo após a marcação desses exames acabam por faltar pelo mesmo motivo. Devem entender que as unidades que realizam meios complementares de diagnóstico estão preparadas, bem como os seus profissionais, para realizarem os exames com toda a segurança garantindo-se assim que não ocorram atrasos que virão a ter consequências nefastas com comprometimento tantas vezes definitivo das hipóteses de cura mesmo com os melhores tratamentos ao dispor atualmente.

Os doentes oncológicos poderão apresentar um maior risco de contrair a Covid-19, devido a imunossupressão associada à sua doença sendo que, pelo mesmo motivo, também a infeção pelo SARS-CoV-19 poderá ser mais severa aumentando a morbilidade e mortalidade associadas.

Em todo o caso, isto não deve constituir motivo para adiar não só o diagnóstico como também o tratamento. Como tal, é crucial que todos os doentes conheçam e confiem nas unidades de diagnóstico e tratamento, não deixando que o medo controle a sua vida. É importante que não fiquem em casa e procurem ajuda junto dos profissionais de saúde nas unidades de medicina geral e familiar, que encaminham os doentes com patologias oncológicas para as unidades onde os doentes são testados e tratados ou mesmo internados em locais seguros, free Covid-19. Seguindo as diretrizes, emanadas da Direção Geral de Saúde e dos próprios hospitais, é possível tratar a doença o mais rapidamente possível evitando consequências mais graves e que coloquem a sua vida em risco.

Mas qual é a importância de uma resposta eficaz e rápida?

Ao falarmos em números, podemos referir que só em 2018 verificaram-se 58 199 novos casos de doença oncológica em Portugal, com uma mortalidade aproximada dos 50%. Mas ao afunilarmos os diferentes tipos de cancro, é fundamental reforçarmos o impacto do cancro do sistema digestivo que representa 10% da mortalidade portuguesa, um grave problema de saúde pública que tem registado uma subida nos últimos anos.

Destes fazem parte o cancro do estômago e o do esófago, que não podem de todo ser negligenciados pelos doentes, sob risco de sofrerem consequências irreversíveis. Focando-nos no cancro do estômago, Portugal é um dos países da Europa Ocidental com incidência mais elevada, sendo que em 2020 foram diagnosticados 2950 novos casos devido a esta doença e uma mortalidade de 2332 doentes. O cancro do estômago tem origem habitualmente nas células da camada mais superficial do estômago o que o torna especialmente acessível para diagnóstico precoce quando o doente é submetido a uma endoscopia. Com o tempo, o cancro acaba por caminhar em profundidade invadindo toda a parede do estômago. Na sua progressão através dos tecidos do doente ele acaba por penetrar nos vasos sanguíneos e linfáticos, entrar na corrente sanguínea e através da circulação do sangue pode disseminar-se para qualquer local do organismo, como o fígado, os pulmões ou sistema ósseo. Depois de invadir toda a parede do órgão ele também pode fixar-se nos órgãos vizinhos do estômago fazendo, muitas vezes, com que a sua remoção seja impossível ou inútil.

No caso do cancro do esófago, ainda mais letal, podemos referir que em 2020 foram diagnosticados 683 novos casos, mantendo-se dentro dos números habituais, e faleceram 588 pessoas. Localiza-se num órgão de acesso mais difícil e de tratamento ainda mais complexo. No entanto, tal como a doença anterior, inicia-se na camada mais superficial do órgão pelo que também é mais facilmente diagnosticado por endoscopia em fase precoce da sua evolução. Embora não existam estratégias de prevenção ou rastreio para este tipo de cancro, a verdade é que a consulta ao médico e a realização atempada de exames endoscópicos permite o seu diagnóstico em fases cuja terapêutica tem maiores hipóteses de êxito.

Contudo, convém enfatizar que estes números podem ser reduzidos. A facilidade de acesso destas doenças para diagnóstico endoscópico, o apoio das unidades de medicina geral e familiar para orientação diagnóstica e o seu encaminhamento rápido para centros mais diferenciados que estão equipados com as mais modernas formas de tratamento médico ou cirúrgico, permite atingir resultados muito bons particularmente quando o diagnóstico é feito em fase precoce da sua evolução.

Mais do que nunca, estas recomendações não podem ser descuradas, uma vez que o adiamento da visita ao médico irá agravar a doença. Por sua vez, isto fará com que os doentes cheguem aos hospitais em estado cada vez mais avançado, congestionando as urgências e prejudicando o sistema de saúde e, sobretudo, piorando grandemente as suas possibilidades de cura. E é para evitar isto mesmo que existem as unidades free Covid-19: o objetivo passa por evitar que em tempo de pandemia os doentes adiem o diagnóstico e posterior tratamento por medo. Além disso, vale a pena frisar que, quando o diagnóstico é realizado atempadamente, é possível adotar uma abordagem minimamente invasiva, permitindo ao doente ter uma recuperação mais rápida, um incómodo cirúrgico menor e um mais rápido retorno ao convívio dos seus familiares.

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