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Expulsão de trabalhadores migrantes ameaça comércio eletrónico em Pequim

A expulsão de dezenas de milhares de trabalhadores migrantes das suas casas nos subúrbios de Pequim está a ter impacto nos serviços de entrega ao domicílio, um pilar da difusão ímpar do comércio eletrónico na cidade.

Expulsão de trabalhadores migrantes ameaça comércio eletrónico em Pequim
Notícias ao Minuto

06:45 - 08/01/18 por Lusa

Economia PIB

"Há um mês que os serviços de entrega não funcionam bem", disse à agência Lusa um estrangeiro radicado na capital chinesa.

Este serviço, outrora infalivelmente pontual, passou nas últimas semanas a registar atrasos prolongados, numa altura em que uma campanha contra construções ilegais expulsou milhares de trabalhadores migrantes dos subúrbios de Pequim.

Como a agência Lusa pôde testemunhar esta manhã, por exemplo, a entrega de uma refeição ao domicílio registou um atraso de 40 minutos, situação que ameaça um setor que registou nos últimos anos um 'boom' nos grandes centros urbanos da China, revolucionando as práticas de consumo.

Desde fruta e refeições a produtos de higiene ou eletrónicos, muitos chineses passaram a fazer as compras exclusivamente 'online', convertendo a China no maior mercado mundial de vendas pela Internet.

Em 2017, o comércio 'online' no país atingiu quase um bilião de dólares (830 mil milhões de euros), um valor equivalente a cerca de cinco vezes o Produto Interno Bruto (PIB) português, segundo a agência de análise e notação financeira S&P Global Ratings.

Nas ruas de Pequim, o frenesim das motorizadas que fazem entregas rápidas ao domicílio tornou-se uma constante, um cenário que perdeu nas últimas semanas intensidade, depois de um dos mais graves incêndios dos últimos anos na capital chinesa, registado em novembro passado.

O incêndio causou 19 mortos e serviu de pretexto para a demolição de casas, lojas e restaurantes nos subúrbios da cidade.

Privados de habitação, muitos destes trabalhadores terão regressado às terras natais ou migrado para outras cidades, contrariado o fluxo de rurais que alimentou durante décadas o desenvolvimento da capital chinesa.

"À medida que muitas das pessoas que faziam entregas ao domicílio estão a ser expulsas, irá tornar-se cada vez mais difícil contratar", explicou Huang Gang, especialista em logística da Associação de Comércio Eletrónico da China, citado pelo jornal Financial Times. "Os salários vão ter que aumentar", notou.

Mais de 25 centros de distribuição foram encerrados em Pequim ou estão a operar para além da capacidade, devido à falta de mão-de-obra, avançou a imprensa local.

Não só os serviços de entrega ao domicílio em Pequim dependem dos trabalhadores migrantes, como também a construção ou os transportes, mas as autoridades da capital chinesa querem combater a sobrelotação e limitar o número de residentes a 23 milhões.

Uma petição assinada por mais de cem académicos, advogados e artistas chineses colocou assim a questão: "O desenvolvimento de Pequim é não só fruto do trabalho árduo dos seus cidadãos, mas também do sacrifício e contribuição de pessoas de outras partes do país. Pequim deve agradecer aos cidadãos chineses, em vez de esquecer e retribuir às pessoas do país com arrogância, discriminação e humilhação, sobretudo ao grupo com rendimento mais baixo".

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