"Acho que a solução de liquidação do BES era impensável"
Artur Santos Silva, presidente da Fundação Calouste de Gulbenkian e chairman do BPI, fala esta segunda-feira, em entrevista ao Diário Económico, sobre o caso BES. Acerca da queda do banco da família Espírito Santo e sobre a solução encontrada pelo Governo e Banco de Portugal para resolver este caso, diz o banqueiro que ?a liquidação do BES era impensável?.
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Economia Artur Santos Silva
“Acho que a solução da liquidação [do BES] era impensável, pelo impacto que isto tinha na sociedade em geral. (…) Na solução encontrada há aspetos que têm de ser bem ponderados e é muito importante que a alienação do Novo Banco seja feita o mais rapidamente possível”, explica Artur Santos Silva, chairman do BPI e presidente da Fundação Calouste de Gulbenkian, em entrevista ao Diário Económico.
Apesar de admitir que a solução encontrada foi, talvez, a melhor possível dentro do quadro legal da União Europeia, o banqueiro de 73 anos tem ainda algumas preocupações e lamenta a perda de uma grande marca.
“Preocupa-me a maneira como tudo isto vai ser executado, sobretudo porque o esquema não prevê qualquer participação dos bancos. O Fundo de Resolução é financiado com contribuições dos bancos mas eles não têm qualquer voz ativa”, esclarece Santos Silva, acrescentando que apesar de ter sido apanhado de surpresa pela crise no BES, “ao longo dos últimos tempos havia vários sinais de dificuldade no Banco Espírito Santo e no GES”.
Sobre uma eventual recuperação do banco agora separado em dois, o banqueiro é perentório e diz que dificilmente vê que isso possa acontecer. “Acho muito difícil depois do que aconteceu. É uma marca valiosa que desaparece. O Novo Banco não tem esse ativo”, atira explicando que, para já, não prevê que possa haver risco de contágio desta situação a outras entidades. “Penso que não há esse perigo, que está eliminado com a solução encontrada”.
Por fim, instado a concretizar se haveria interesse do BPI na aquisição da nova entidade bancária que surgiu após a cisão do BES, o presidente da Fundação Calouste de Gulbenkian diz considerar este negócio complicado sobretudo pelas “exigências do esforço que teria de ser feito”, perspetivando assim que possa ser um banco estrangeiro a adquirir o banco liderado por Vítor Bento.
Falando sobre uma fusão entre o Banco Espírito Santo e a entidade em que ocupa o cargo de ‘chairman’, Artur Santos Silva diz-se ‘feliz’ pelo negócio não ter avançado, mas revela-se ainda mais contente por ter conseguido manter o BPI sempre distante das polémicas que abalaram a banca portuguesa.
“Estou muito feliz por termos mantido o BPI com a identidade que tem e nunca ter visto o banco envolvido em nada menos correto. Infelizmente, ao longo destes últimos 20 anos, foi a Caixa de Crédito Agrícola, foi a Caixa Geral de Depósitos, foi o BCP, foi o BPP, o BPN e agora o BES”, atirou, concluindo depois que o seu banco sempre se manteve longe do poder político e independente de interferências de acionistas ou de clientes.
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