CGTP alerta para as políticas "nefastas" da UE no passado
A secretária-geral da CGTP disse hoje na abertura da Conferência sobre o Futuro da Europa que é preciso uma "rutura" com as políticas "nefastas" do passado que atingiram os trabalhadores portugueses.
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"As respostas só são possíveis com a rutura com a política que baixa os salários e ataca os direitos de quem trabalha. São problemas e anseios que devem ter resposta nas opções nacionais e livres de constrangimentos e de pressões", acusou Isabel Camarinha na abertura da Conferência sobre o Futuro da Europa (CoFE) que decorreu hoje em Lisboa na presença do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Para a CGTP, as respostas aos problemas dos portugueses, no futuro, devem prever os aumentos salariais e o combate à precariedade.
"O caminho deve romper com as opções do passado e assentar numa Europa de solidariedade e de cooperação de progresso e de justiça social promovendo como condição a promoção de Estados livres em direitos", afirmou Camarinha.
"Na avaliação que fazemos não esquecemos o papel nefasto da União Europeia e das instituições europeias no tempo da 'troika' que conjuntamente com PSD e CDS impuseram alterações à legislação laboral que facilitaram o despedimento em Portugal, alterações que ainda hoje estão presentes na vida de milhares de trabalhadores", salientou.
"Sempre que se trata de elevar as condições de trabalho no nosso país, o papel da União Europeia foi o de tentar travar todos os avanços. O semestre europeu é um exemplo", acrescentou.
Para a CGTP, discutir o futuro da União Europeia exige uma avaliação "rigorosa" do passado porque, frisou Isabel Camarinha, o processo de integração nas últimas décadas trouxe mais desigualdades entre países.
Para Isabel Camarinha, em Portugal, as políticas europeias, no passado, conduziram a "crescimentos económicos anémicos" e à debilitação da indústria e dos serviços públicos.
A união económica e monetária fez com que os países tivessem de cumprir as restrições do PEC [Programa de Estabilidade e Crescimento] e do Tratado Orçamental e que produziram efeitos "assimétricos" que em Portugal fizeram aumentar o desemprego e a dependência externa.
"Os processos de liberalizações e privatizações realizados por governos nacionais sobre a égide da União Europeia estão também na base do agravamento do deficit estrutural de Portugal", criticou a secretária-geral da CGTP.
Da mesma forma, a eurodeputada comunista Sandra Pereira e membro do Plenário da Conferência sobre o Futuro da Europa recordou que há vinte anos foi criada a Convenção sobre o Futuro da Europa e que, apesar das mudanças, continuam a "usar-se os mesmos e estafados chavões como o do 'aproximar das instituições europeias aos cidadãos'" dos diferentes países.
"A União Europeia diz que é preciso dar voz aos cidadãos mas impõe políticas que se refletem em desigualdades sociais", acrescentou.
"Para nós a Conferência sobre o Futuro da União Europeia não deve constituir mais uma farsa ou uma campanha de propaganda ou uma operação de relações públicas e muito menos deve constituir um impulso para aprofundar políticas da União Europeia em detrimento da soberania dos países", afirmou Sandra Pereira.
A CoFE, segundo a mensagem oficial, pretende "levar a Europa para lá das suas capitais, reforçando a ligação entre os europeus e as instituições".
Organizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o evento teve como objetivo promover o debate sobre a iniciativa ao nível nacional e apelar à organização de eventos pela sociedade civil.
Além de organizações da sociedade civil participaram membros da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República, Conselho Económico e Social, Parlamento Europeu, Comissão Europeia, Associação Nacional de Municípios Portugueses e o Conselho Nacional de Juventude.
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