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Cartagena perto da subida de divisão à boleia de uma 'muralha portuguesa'

João Costa e Luís Mata são dois dos três portugueses que fazem parte do atual plantel do emblema espanhol que, diga-se, está muito perto de assegurar a subida ao segundo escalão do futebol espanhol.

Cartagena perto da subida de divisão à boleia de uma 'muralha portuguesa'
Notícias ao Minuto

08:00 - 25/03/19 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

O Cartagena está a fazer história esta temporada e ocupando posições que lhe permite pensar na subida de divisão. Atualmente a liderar o grupo 4 do terceiro escalão do futebol espanhol, a equipa da região de Múrcia está muito perto de chegar à segunda divisão. Feito que, refira-se, está a ser conseguido com a ajuda de três portugueses.

João Costa e Luís Mata são dois elementos deste trio luso e ambos não escondem a ansiedade de conseguir atingir o objetivo da subida. 

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, a dupla aborda a forma como surgiu o convite do Cartagena e revela que, num primeiro momento, chegaram a surgir receios de que ir para Espanha fosse um passo atrás na carreira. 

No entanto, depois de um período de adaptação, foi uma questão de tempo até perceberem que o projeto do clube correspondia a uma realidade competitiva elevada e que a luta pela subida seria mesmo um dos objetivos principais da temporada. 

A muralha portuguesa que se ergueu depois de uma época para esquecer 

João Costa tem sido talvez o elemento português mais preponderante na equipa espanhola. O guardião de apenas 23 anos tem sido uma verdadeira muralha na baliza do Cartagena e, até aqui, o guarda-redes com melhor média de golos sofridos em Espanha.  

"Neste momento creio que está a superar as minhas expectativas. Não esperava que me fosse adaptar tão rápido estando fora do meu país, numa liga que não esperava que tivesse tanta competitividade e numa equipa com tão boas condições. Está a ser uma época que está a superar tudo o que esperava", começa por referir João Costa em declarações ao nosso site, para depois revelar qual o papel de... Iker Casillas nesta aventura espanhola. 

Notícias ao MinutoJoão Costa apenas sofreu oito golos em 20 jogos ao serviço do Cartagena.© Reprodução Facebook João Costa

"Primeiro apareceu o UCAM Murcia, que é uma das equipas que está a disputar o primeiro lugar connosco. O interesse deles surgiu através do treinador que jogou com o Iker Casillas no Real Madrid e que mantinha uma boa relação com ele. Pediu, numa primeira fase, ao Iker para ele falar comigo. Depois surgiu o Cartagena através do meu agente e eu escolhi o Cartagena porque é um projeto muito maior e as condições são outras. É um clube grande. Perguntei ao Iker como eram as coisas em Espanha, como era a cidade, o campeonato, o país e o futebol. Disse-me muitas coisas positivas e isso ajudou-me muito na minha decisão", explica o guardião formado no FC Porto. 

Com o experiente guardião espanhol no plantel azul e branco, a juntar as presenças de Vaná e Fabiano, o jovem guarda-redes português sentiu que precisava de dar, por agora, um novo rumo à carreira de forma a acumular minutos de uma forma constante. Porém, João Costa também não esconde o desejo de esquecer aquilo que passou na temporada anterior. 

"Pela época que vinha a passar seria difícil que olhassem para mim no FC Porto. Tinha estado lesionado e as coisas no Gil Vicente não correram como eu esperava. Acabaram por descer de divisão. Os resultados não foram os melhores e era normal que não olhassem para mim como uma opção para um clube com a dimensão do FC Porto. Vim para cá para mostrar a toda a gente que ainda estou aí para as curvas", confidencia. 

Questionado sobre o facto de ser, neste momento, o guarda-redes com melhor média de golos sofridos em Espanha, João Costa acredita que se trata do reflexo do trabalho desenvolvido diariamente esta época. 

"Isso significa que a decisão de vir para cá foi 100% acertada. Significa também que estou a ser premiado pelo trabalho que tenho feito até aqui, por aquilo que passei na época anterior e por nunca ter desistido. Agora consegui voltar a jogar e ter estes resultados é uma coisa que me deixa muito feliz e que me dá vontade de lutar mais todos os dias", explica. 

Sobre as figuras que sempre gostou de seguir na sua posição, o guardião português revela que em criança idolatrava Vítor Baía, mas quando começou a competir centrou-se em duas figuras bem conhecidas do universo do FC Porto. 

Notícias ao MinutoJoão Costa num treino do FC Porto ao lado da "lenda" e "ídolo" Iker Casillas© Global Imagens

"O meu ídolo era o Vítor Baia, mas quando eu começo a jogar, ele acaba a carreira. A partir daí comecei a focar-me no Iker Casillas e no Helton. Ou seja, o melhor guarda redes do mundo e o guarda-redes do meu clube na altura. Foram esses os meus ídolos. Mais tarde tive a sorte de poder partilhar e treinar com essas duas lendas. Foi um sonho que se tornou em realidade. Nunca pensei que os pudesse apanhar e comecei a ir muito jovem ao plantel principal do FC Porto. Só tive de desfrutar por poder treinar e privar com aquelas duas lendas", revela, visivelmente honrado. 

O lateral que olha para o outro lado do futebol 

Luís Mata também faz parte do elenco que esta temporada está a dar cartas no Cartagena, mas, ao contrário do amigo João, não tem somado os minutos que esperava. Ainda assim, o jovem lateral esquerdo não baixa os braços e tenta olhar sempre para o "lado positivo" de todas as situações. Além disso, acredita estar num nível que "em Portugal, no terceiro escalão, não tem nada a ver com aquilo que se vive" em Espanha, lembrando também que, ao contrário do que acontece nas ligas portuguesas, no país ao lado está sempre "muita gente no estádio" e "os adeptos vivem mais o futebol do que a maioria dos adeptos de clubes portugueses." 

"Em termos de tempo de jogo, claro que gostava de jogar mais. Até agora joguei pouco, mas, por outro lado, estou a ganhar coisas novas em termos psicológicos e mentais. No futuro, estes momentos vão ajudar-me", começa por confessar o jogador de 21 anos, também ele formado no FC Porto. 

Notícias ao MinutoLuís Mata apenas foi utilizado em oito jogos, mas acredita estar a evoluir em vários níveis© Reprodução Instagram Luís Mata

"O nível da equipa é muito alto. Há aqui jogadores muito experientes e outros muito jovens. Sinto que a minha evolução está a ser contínua. Estou a ganhar outras coisas. Se me deixar estar confortável é pior para mim. Temos que dar sempre o máximo, independentemente de jogarmos ou não. Apesar de ter pouco tempo de jogo, acho que está a ser um ano positivo e que me vai trazer outras coisas que precisava. Sempre fiz muitos jogos e esta temporada deu-me outra perspectiva. Com os meus 21 anos vou ganhar valências que se calhar antes não tinha. Acho que temos de tirar sempre uma parte positiva daquilo que fazemos para podermos continuar a evoluir. Acho que isto é muito importante para os jogadores. Se o jogador não estiver bem psicologicamente, o resto não sai naturalmente", defende Luís Mata. 

O futuro ainda é incógnita 

Tanto João Costa como Luís Mata estão emprestados pelo FC Porto ao Cartagena. No final da época, esses mesmos vínculos terminam e a dupla terá, assim, de regressar ao Dragão, uma vez que ambos têm contrato até junho de 2020. Questionados sobre o que se irá passar no verão que se aproxima, os dois portugueses dizem estar focados.... no presente. 

"Estou emprestado até ao final desta época e tenho mais um ano de contrato com o FC Porto. Têm falado comigo, a perguntar como vai ser para o ano, mas neste momento estou apenas focado em acabar bem a temporada e no final colher todos os frutos. Aí, sim, decidirei o meu futuro", explica João Costa, uma opinião também partilhada pelo compatriota. 

Notícias ao MinutoJoão Costa quer esperar pelo verão para decidir o futuro. © Reprodução Instagram

"Tenho contrato com o FC Porto até 2020, mas estou cedido ao Cartagena até junho. Depois, dependendo de muita coisa, veremos o que acontece", esclarece o lateral de 21 anos. 

Confiança no título do FC Porto 

Apesar da distância, João Costa revela estar bem atento àquilo que se passa no campeonato português. O guardião acredita que o FC Porto irá conseguir revalidar o título de campeão nacional e que o Benfica acabará por ceder. 

"Vi um FC Porto super forte no início da temporada. Ninguém, naquele momento, conseguiria bater o FC Porto. Mas depois, devido ao cansaço e  ao aparecimento de algumas lesões, a equipa teve uns resultados negativos, mas acho que vão conseguir chegar ao título de campeões nacionais. Estão a meter muita pressão no Benfica e acho que o Benfica vai acabar por ceder. Acho que o FC Porto vai conseguir revalidar o título nacional", afirma João Costa, desejando assim festejar, no final da temporada, a "dobrar." 

As diferenças culturais 

Tanto João Costa como Luís Mata revelam-se positivamente surpreendidos com aquilo que encontraram quando chegaram à cidade de Cartagena. Ambos explicam que é uma cidade "pequena", em comparação com o Porto, mas destacam a "tranquilidade e o clima" que se fazem sentir naquela localidade espanhola. 

"Encontrei uma cidade histórica e com muitos turistas. Tem um clima brutal, aqui nunca faz frio. Se choveu um dia desde que estou aqui foi muito. Estamos em março e já fiz praia (risos). Melhor não poderia pedir. Claro que é uma cidade mais tranquila comparativamente com o Porto. As pessoas são muito simpáticas", sublinha João, para depois Luís completar.

"Aqui no verão, quando está calor, os jogos têm de ser todos à noite. Fisicamente é muito duro. Mesmo agora, não houve nenhum dia com muito frio. O clima é muito estável. A cidade não tem nada a ver com o Porto. É mais calma, mas por outro lado também é acolhedora. Não há aquele stress do trânsito e isso é bom", atira o lateral. 

Notícias ao MinutoLuís Mata, Rui Moreira e João Costa num treino do FC Porto, uma imagem várias vezes repetida esta temporada no Cartagena. © Reprodução Instagram

No meio de todo o processo de adaptação, há um factor que pesou, nomeadamente nas primeiras semanas. As rotinas dos espanhóis são diferentes e foi preciso tempo para se habituarem a almoçar e jantar... bastante mais tarde. 

"Aquilo que me custou mais foram as rotinas espanholas: almoçar e jantar mais tarde", afirma João, com Luís a completar logo de seguida. 

"Eles aqui almoçam às 15/15h30 e os jantares são sempre depois das 22h. Nos estágios também é assim. Foi estranho ao início, mas agora acho estranho é almoçar às 13 horas (risos)", destaca Luís. 

A mensagem para os adeptos do Cartagena 

Com "oito finais" por disputar, João Costa e Luís Mata não perderam a oportunidade de deixar uma mensagem aos adeptos para o que falta da temporada. Ambos querem cumprir o objetivo da subida e para isso é fundamental o apoio nas bancadas. 

"Sem dúvidas que vamos dar o nosso máximo. Temos o nosso objetivo e espero que no final possamos festejar todos juntos a subida", afirma Luís Mata, seguindo-se a mensagem do companheiro e amigo. 

“Que os adeptos estejam com a equipa. Nós estamos focados em conseguir a subida que eles tanto desejam", atira João Costa. 

Notícias ao MinutoDupla lusa confiante no sucesso do Cartagena que se pode traduzir na subida de divisão já num futuro próximo© Reprodução Facebook João Costa

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