Meteorologia

  • 17 MAIO 2024
Tempo
14º
MIN 12º MÁX 21º

Baloji pôs Sines a dançar e transpirar e ainda criticou o FMI

O músico Baloji pôs o público do Festival de Músicas do Mundo a transpirar, numa dança frenética de ancas a abanar e pontapés no ar, ao mesmo tempo que criticava o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Baloji pôs Sines a dançar e transpirar e ainda criticou o FMI
Notícias ao Minuto

08:29 - 20/07/13 por Lusa

Cultura Músicas do Mundo

No final do concerto desta madrugada, no Castelo do Sines, o congolês que vive na Bélgica desde pequeno trocou impressões com os jornalistas, ainda a suar em bica, sobre as situações em Portugal, Espanha, Grécia.

A memória de uma “declaração formidável” do ex-Presidente do Brasil Lula da Silva, que, durante uma visita a Portugal, aconselhou o Governo português a “não seguir o FMI”, fá-lo acreditar que “as coisas estão a mudar”.

Confessa ter ficado “fascinado com o movimento dos indignados" em Espanha. "Temos de trabalhar, pagar as contas e, portanto, não ficamos na rua durante mais de duas semanas. Se tivermos isso em conta, esses movimentos são importantes, mesmo que os resultados sejam menores. É importante fazê-lo na mesma”, diz.

Baloji falou também de África – já durante o concerto tinha nomeado os vários países que experimentam ditaduras, golpes de Estado ou outras crises –, mas sublinhando que no continente convivem muitas realidades diferentes.

Na República Democrática do Congo, onde nasceu, a situação “é complexa”, porque “é um país muito rico”, mas que ainda “está a descobrir a democracia”, após uma ditadura de 27 anos.

“Leva tempo para se ter uma nova abordagem política, em que os políticos não estejam só a pensar na sua tribo, na sua comunidade, na sua aldeia”, reconhece, resignando-se: “Não há outra solução a não ser esperar.”

Baloji referiu-se ainda ao líder histórico sul-africano Nelson Mandela, que merecia “respeito” e “um final de vida decente”, criticando “a confusão” gerada em torno da sua condição de saúde, com contornos “algo sujos”.

O músico rendeu-se ao "legado” musical dos seus antepassados. “Eu não gostava da música congolesa, porque é velha. É como se vocês ouvissem fado aos 16 anos, por favor… À medida que fui envelhecendo, comecei a perceber a música, a poesia, a escrita. Estou nesse processo e evolui para passar a ter orgulho na herança do meu país”, destaca.

Atuar em Sines foi "divertido", mas também “puxado”. Durante o concerto, Baloji rebolou e contorceu-se pelo chão, saltou para o meio do público e chegou mesmo a contagiar as funcionárias municipais responsáveis pelas refeições, que abandonaram a cozinha improvisada nos bastidores e subiram as escadas laterais que dão para o palco, para espreitarem de perto os movimentos que ele andava a fazer.

Munido de megafone, pediu dedos no ar acompanhados pelo grito “moja”, que significa “um” em suaíli, querendo com isso dizer que “um concerto acontece quando o público e a banda em palco são um só”.

Depois de sonoridades mais suaves, trazidas dos Estados Unidos e de França, a segunda noite do Festival Músicas do Mundo terminou em frenesim, com Baloji mas também com os Dubioza Kolektiv, da Bósnia-Herzegovina.

Antes de parar por um dia, o Festival Músicas do Mundo prossegue hoje com mais cinco concertos: Reijseger Fraanje Sylla (Holanda/Senegal, 18:30), JP Simões (Portugal, 21:30), DakhaBrakha (Ucrânia, 23:00), Hermeto Pascoal (Brasil, 00:30) e Batida (Portugal/Angola, 02:00).

Recomendados para si

;
Campo obrigatório