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Na Biblioteca da Universidade de Coimbra, a arte provoca e faz indagar

A bienal de arte contemporânea de Coimbra Anozero arrancou hoje, com a visita inaugural a começar na Biblioteca Geral da Universidade, em que o público foi convidado a pensar no efémero e na fragilidade do património.

Na Biblioteca da Universidade de Coimbra, a arte provoca e faz indagar
Notícias ao Minuto

21:00 - 31/10/15 por Lusa

Cultura Bienal

Na sala de leitura da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC), foi instalada a frase "As long as it lasts", em duplicado, do nova-iorquino Lawrence Weiner obrigando qualquer um a reparar na "provocação", classifica o diretor da BGUC, Augusto Bernardes, que acompanhava a inauguração da bienal, que decorreu hoje às 14:30.

"A duração é o tempo que ela durar", comenta o presidente da Capital Nacional da Cultura Coimbra 2003, Abílio Hernandez, enquanto interpreta a frase, que se junta a outra do mesmo artista americano nas paredes da BGUC - "the pursuit of happiness [a procura da felicidade]".

O também especialista em Literatura Inglesa sublinha que as frases fazem pensar na procura que o Homem tem para "que o efémero deixe de o ser", num lugar de livros e de património que se pensa ser eterno.

Augusto Bernardes acrescenta que as frases têm interpelado os estudantes que ali se deslocam, obrigando-os "a indagar", em torno da efemeridade e da felicidade.

As provocações não se ficam pela BGUC. Também na Joanina, a arte contemporânea volta a desafiar a cidade que é património mundial desde 2013.

Num vídeo de 16 milímetros, o falecido Marcel Broodthaers vê aquilo que escreve numa folha branca a desaparecer com a chuva, recordando a efemeridade e fragilidade das coisas, refere o diretor da bienal, Carlos Antunes, que durante a cerimónia de abertura sublinhou que este evento apresenta a ideia "oposta de um património encerrado em si próprio".

No piso intermédio, da Joanina, um dos expoentes do barroco português, a brasileira Adriana Varejão dialoga em quatro vídeos a relação do Brasil com o barroco, como marca do próprio colonialismo.

Na Sala do Exame Privado, perante retratos de reitores do século XVI, um vídeo do angolano Binelde Hyrcan mostra quatro miúdos de Luanda a falar de sonhos, de musseques e da "boa vida", enquanto fingem conduzir um carro numa praia da capital angolana.

No Museu da Ciência, Miguel Palma resgata um brinquedo - um kit do bombardeiro B-29 - e junta-lhe uma bomba de madeira pela qual o avião ficou conhecido - o primeiro a lançar uma bomba atómica.

"É um jogo de memória", comenta o docente da Faculdade de Letras, Manuel Portela, referindo que a obra adiciona ao brinquedo os dois pontos de vista - do vencido e do vencedor.

Nas mais de 40 exposições presentes na primeira edição da bienal, procura-se falar do "efémero e da fragilidade" em torno "daquilo que tomamos como absoluto", sublinha Carlos Antunes, frisando que acredita "cada vez mais na beleza e importância que este projeto constitui para a cidade de Coimbra".

Na primeira edição da bienal, que termina a 29 de novembro, vão estar mais de 40 artistas, entre os quais os portugueses Julião Sarmento, Francisco Tropa, António Olaio ou Rui Chafes, e nomes internacionais como os americanos Matt Mullican e Lawrence Weiner ou a brasileira Adriana Varejão, que dialogam com o edificado da cidade.

O evento vai ter obras e exposições em lugares tão distintos como o café Santa Cruz, o Jardim Botânico, o Museu da Ciência, o Museu Nacional Machado de Castro, o Colégio da Graça ou a Biblioteca Joanina.

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