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As lições de Harari para questionar o futuro da espécie humana

'21 Lições para o Século XXI', o novo livro de Yuval Noah Harari, publicado pela Elsinore, está desde esta quinta-feira à venda nas livrarias.

As lições de Harari para questionar o futuro da espécie humana
Notícias ao Minuto

08:00 - 30/08/18 por Pedro Bastos Reis

Cultura Livros

O que significa a ascensão de Donald Trump? O que podemos fazer quanto à epidemia das fake news? Porque está a democracia liberal em crise? Está Deus de volta? Caminhamos para uma nova guerra mundial? Que civilização domina o mundo – a ocidental, a chinesa, o Islão? Deve a Europa manter as portas abertas aos imigrantes? Conseguirá o nacionalismo resolver os problemas da desigualdade e das alterações climáticas? Que devemos fazer quanto ao terrorismo?”

Todas estas questões não têm resposta fácil e têm levado a discussões intensas por todo o mundo. Em ‘21 Lições para o Século XXI’, do escritor israelita Yuval Noah Harari, não descobrimos resposta para todas as complexas perguntas, mas encontramos reflexões que nos fazem questionar o mundo em que vivemos e o futuro para o qual caminhamos.

Após o sucesso de ‘Sapiens’ e ‘Homo Deus’, ambos publicados pela Elsinore, o historiador e professor na Universidade Hebraica de Jerusalém tem, desde esta quinta-feira, um novo livro à venda. ‘21 Lições para o Século XXI’, também publicado pela Elsinore, promete ser, tal como os livros anteriores, uma obra  provocadora e entusiasmante.

No primeiro livro, que valeu a Harari rasgados elogios de Barack Obama ou Bill Gates, o historiador israelita analisou “como um primata insignificante se tornou dono e senhor do planeta Terra”. ‘Sapiens’, depois de vender mais de nove milhões de exemplares em todo o mundo, vai, inclusive, ser adaptado ao cinema por Ridley Scott.

Após este best-seller, Harari lançou ‘Homo Deus’, um livro em que “explorou o futuro a longo prazo”, insinuando que “os seres humanos podem acabar por se tornar deuses”. Para a Elsinore, que adquiriu os direitos para a publicação do primeiro livro do autor em 2013 mas que só o publicou em 2016, ter a obra do israelita no seu catálogo tornou-se óbvio.

Notícias ao MinutoO novo livro de Yuval Noah Harari já está à venda nas livrarias© 20|20 Editora - D.R

“Sentimos que seria um autor coerente com a linha editorial da chancela e que daria força ao catálogo, porque os seus livros são lúcidos e provocadores, exigentes e, em simultâneo, geradores de uma leitura voraz, pelo desafio que as teses do autor representam e pela escrita escorreita, mas entusiasmante, com que o faz”, conta Joana Freitas, diretora de comunicação da 20|20 editora, à qual pertence a Elsinore, ao Notícias ao Minuto.

Questionar o modelo liberal 

Depois do sucesso de ‘Sapiens’, a Elsinore lançou, no ano seguinte, ‘Homo Deus’, que cimentou definitivamente o escritor israelita entre os leitores portugueses. "O tempo veio a confirmar que a nossa análise e a nossa estratégia estavam correctas", sentencia Joana Freitas. 

Por isso, quando Yuval Noah Harari anunciou um novo livro, a Elsinore sentiu que era importante que o lançamento em Portugal coincidisse com a data a nível mundial. “Fruto do atual sucesso em Portugal de ‘Sapiens’ e ‘Homo Deus’, fazia todo sentido estarmos entre os países com lançamento mundial simultâneo”, explica a diretora de comunição da 20|20 editora, sublinhando que tal decisão implicou “nunca perder, claro, o rigor da tradução e revisão”. “Conseguimos cumprir os prazos obrigatórios e aí está ele a chegar às livrarias”, congratula-se.

‘21 Lições para o Século XXI’, a partir desta quinta-feira nas livrarias, analisa, segundo o próprio autor, “as falhas da mundividência liberal e do sistema democrático”. Harari realça, na introdução da obra, que decidiu optar “pela discussão aberta em vez da autocensura”, defendendo a sociedade liberal, “o modelo político mais bem-sucedido e versátil que os seres humanos já desenvolveram”, mas que, admite, tem defeitos e que, por isso, é importante questioná-los.

O novo livro de Harari está dividido em cinco capítulos - “o desafio tecnológico”, “o desafio político”, “desespero e esperança”, “verdade” e “resiliência”. Ao longo de quase 400 páginas, o autor aborda temas que vão do terrorismo à pós-verdade, da ficção científica à religião, da 'big data' ao nacionalismo, passando ainda pela meditação, prática que, aliás, faz parte da rotina do escritor israelita.

São, certamente, muitas temáticas para um livro só e essa poderá ser uma das principais críticas a apontar ao autor. A juntar a isto, é de notar que dificilmente se encontrarão aqui soluções definitivas para os grandes problemas do presente e do futuro. Mas esse, talvez, até nem seja o objetivo do autor, que considera a sua missão cumprida caso “algumas pessoas, por poucas que sejam, participem no debate sobre o futuro da nossa espécie”. Como o próprio escreve, qual guru, Harari admite: “como historiador, não consigo dar alimento e roupa às massas – mas posso tentar oferecer-lhes alguma clareza, contribuindo assim para pôr o mundo em pé de igualdade”.

Correndo o risco de parecer algo auto-indulgente com a análise que faz a um leque tão variado de assuntos, Harari consegue, pela terceira vez, pôr os seus leitores a refletir sobre as grandes questões que se colocam à espécie humana, passando pela passado, presente e futuro. Das falhas do liberalismo, à ascensão do nacionalismo ou à possibilidade de ditaduras digitais, Harari consegue ser provocador e acima, de tudo, tem o mérito de questionar aquilo que somos e de nos desafiar a pensar no nosso futuro enquanto espécie. 

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