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Trocar a cidade pela enxada. Histórias de jovens bem-sucedidos

A azáfama da cidade levou a que estas três pessoas reconsiderassem as suas vidas. Há quem se tenha mudado de vez para o campo e quem esteja em transição, mas os três concordam com o mesmo: "No campo, a vida é mais agradável".

Trocar a cidade pela enxada. Histórias de jovens bem-sucedidos
Notícias ao Minuto

09:14 - 30/04/16 por Zahra Jivá

País Testemunhos

Trocar o campo pela cidade à procura de uma vida melhor, com mais acessibilidade, é por norma o testemunho mais comum. No entanto, há quem contrarie esta tese.

O Notícias Ao Minuto traz-lhe três histórias de jovens (e não só) que decidiram largar o “caos” urbano, deixando os grandes centros para viver no meio da calmaria. Agarrar uma enxada deixou de ser um desafio para estas pessoas, que o fazem com todo o gosto.

"Há dois anos tive a coragem que me faltava"

Eduardo Coutinho, de 31 anos, começou por ter “vontade de largar o stress”, deixar para lá “a confusão da cidade e a saturação da rotina laboral diária”.

Por ter campos agrícolas da família em pousio e por estar estagnado profissionalmente, uma vez que há 11 anos trabalhava como escriturário, Eduardo conseguiu “há dois anos ter a coragem que faltava, deixar os papéis, canetas e teclados” e arriscar.

Antes de se atirar de cabeça tirou um curso de gestão agrícola e fez várias experiências e estudos de mercado para saber o que fazer.

Foi então que agarrou a “enxada a tempo inteiro” em Bajouca, Leiria. Mas havia um pequeno receio nesta mudança. “O que mais me assustava era mudar-me para a província”. Novamente foi surpreendido. “São muito diferentes mas muito próximos nos dias de hoje” e a distância ultrapassa-se facilmente.

“A diferença de qualidade de vida é avassaladora” mas custou-lhe não ter “internet em condições” e não ter uma imensidão de canais na televisão. Levando esta situação na brincadeira, o jovem diz mesmo que o seu “canal extra é o do Parlamento”, o que não o anima muito.

Depois de arriscar tudo ao produzir a fruta psysalis – considerada bastante exótica, Eduardo não procurou ajuda do Estado e delineou tudo sozinho. Por agora também não pensa nisso porque “na maior parte das vezes ajuda é sinónimo de empréstimo”.

O jovem revela que “depois de muitos erros cometidos e experiências falhadas” está a fazer plantações para “o segundo ano de produção comercial” e conseguiu triplicar o espaço plantado em relação ao ano anterior.

"As perspetivas são animadoras"

Também Andreia Dias, de 29 anos, tinha campos agrícolas da família em Castelo Branco e há muito que praticava, com o seu namorado, a colheita da azeitona. “Após conversar com pessoas da terra que tinham o objetivo de criar uma associação que servisse o produtor de Figueira da Índia [uma espécie de cacto]” foi "conhecer com mais profundidade as suas propriedades e potencialidades, bem como o modo de cultivo".

Depois de estar informada, começou a produção de um pomar de Figueira da Índia, “inicialmente com um hectar”, que ganhou tal dimensão que já se encontra com sete hectares.

Apesar de não ser a sua ocupação principal, por precisar de um sustento extra, Andreia – lojista – já começa a ponderar, uma vez que as visitas ao meio rural são cada vez mais frequentes. 

Andreia acredita que a mudança não será para já porque "existe pouca necessidade de rega e manutenção e não requer para já um acompanhamento diário”. Além de que falta tornar-se sustentável e rentável.

Para a jovem, a ideia de se mudar é atrativa por “mudar de contexto”. “O esforço lá passa a ser mais físico o que faz com que psicologicamente seja mais leve e agradável”, sublinha ao Notícias Ao Minuto.

Com um percurso semelhante ao de Eduardo, todo o investimento que fez até agora foi através de um fundo de meneio. Mas prepara-se para apresentar a candidatura ao PDR2020 – programa de ajuda aos agricultores -, uma vez que aumentou o terreno e só com ajuda externa é que conseguirá apostar mais na atividade.

Há quatro anos que apostou no cultivo da Figueira da Índia mas ainda não obteve “grande retorno monetário”, apesar de existir “procura”. Contudo, sente que falta também algum conhecimento do consumidor, ou seja, está a trabalhar também na sua divulgação.

Como a própria diz, as “perspetivas são promissoras, o fruto e a sua transformação abrangem um vasto mercado”, desde a alimentação à cosmética”.

"No campo, a vida é mais agradável"

Já Frederico Ribeiro, mais velho do que os outros – 43 anos - e com mais experiência por ser Engenheiro Agrónomo, sempre teve “o sonho de ter um negócio próprio na área da agricultura”.

Não considera que a mudança para o campo seja avassaladora, “tem aspetos diferentes mas hoje as distâncias são mais curtas e já se tem acesso a muito mais informação do que antigamente”.

Mas há uma coisa em que os três concordam: “No campo, a vida é mais agradável”.

Para produzir as suas amoras em Vieira de Leiria, Frederico conta com a ajuda de fundos comunitários, mais especificamente o Programa de Desenvolvimento Rural (ProDeR) – uma iniciativa do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas.

Há três anos que está à frente deste negócio e apesar de “ainda não dar lucro”, acredita que no próximo ano o cenário já seja outro.

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