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Seis meses para tornar Lisboa palco da maior cimeira de tecnologias

Seis meses foi o tempo que levou entre o primeiro contacto e o anúncio de que Lisboa seria palco da maior cimeira de tecnologias pelo presidente e fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave, a 23 de setembro de 2015.

Seis meses para tornar Lisboa palco da maior cimeira de tecnologias
Notícias ao Minuto

14:30 - 07/10/16 por Lusa

Tech Web Summit

Depois de os sistemas de 'wi-fi' [rede sem fios] terem falhado na Web Summit de 2014, em Dublin, os organizadores da maior conferência de tecnologias e empreendedorismo começaram a procurar alternativas, uma vez que toda a conferência é organizada através de uma aplicação por telemóvel e computador.

Além disso, segundo explicou à Lusa o antigo secretário de Estado Adjunto e da Economia, Leonardo Mathias, que liderou o processo da candidatura de Lisboa à realização do evento, havia outro fator - a Web Summit na Irlanda decorria numa antiga cavalariça e espaço de corrida de cavalos, pelo que os participantes tinham de percorrer longas distâncias para aceder aos vários eventos.

Em Portugal, "o processo começa curiosamente em março de 2015", disse Leonardo Mathias, salientando que foi "enviado para o Turismo de Lisboa um pedido de proposta para receber a Web Summit", mas na altura o antigo governante desconhecia o assunto.

"O Turismo de Lisboa, em conjunto com a Meo e com a FIL decidem que estão dispostos a candidatar-se e dão 50.000 euros e asseguram a rede 'wireless' [Internet sem fios]", disse.

Porém, "passado um mês, a AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal], num encontro com a Meo/Arena e com a FIL, chega à conclusão que Lisboa estava neste concurso, mas também chegou conclusão que estávamos completamente fora da 'shortlist' [lista final], fora do radar", prosseguiu o ex-governante.

Perante isto, "solicitam os bons préstimos na altura do vice-primeiro-ministro Paulo Portas", que era responsável pela AICEP e também coordenador económico do governo, sensibilizando "para a bondade e para aquilo que é a importância que a Web Summit poderia ter" para Lisboa.

"Algures em maio", Paulo Portas envia uma carta em nome do Executivo para a organização da cimeira, tendo constatado que Portugal estava fora do radar, "dizendo que o governo português está interessado e quer apoiar" o evento.

"É nesse momento, finais de maio", que Paulo Portas "me comunica que eu serei responsável, em conjunto com os organismos intermédios - AICEP, Turismo de Porutgal e Turismo de Lisboa - e que teria de fazer todos os esforços para que a candidatura portuguesa fosse uma candidatura de sucesso", adiantou Leonardo Mathias.

O antigo governante reuniu-se, então, pela primeira vez, com os responsáveis da Web Summit em junho, em Lisboa.

"E quando eles vêm a Lisboa dizem-me assim: Portugal está disposto a dar 'wi-fi' e 50.000 euros a uma conferência de 50 mil pessoas, maior evento de empreendedorismo de tecnologias que há no mundo, chamado Davos para a malta das tecnologias. E eu, antes da reunião, disse: Eu não vou dar nada".

Isto porque "primeiro vou perceber o que é estes senhores pretendem porque já sabia que 50.000 euros e uma eventual promessa de uma rede 'wi-fi', daríamos em nada", considerou, recordando que Lisboa está a concorrer com cidades como Paris, Amesterdão, Londres ou Berlim, num total de nove.

Na primeira reunião, o antigo governante percebe que há requisitos, não só de 'wi-fi', e que dentro destes "havia a hipótese de se pensar de uma forma mais criativa".

E é a partir daqui que surgiram as ideias de expor alunos do secundário e das faculdades ao evento, algo que não existia em Dublin.

"Na altura estive muito envolvido com a secretária de Estado Teresa Morais na legislação de Igualdade de Género. Introduzimos, pela primeira vez, uma noite só para senhoras, porque considerámos que era muito importante. Na Europa há pouca exposição feminina a tudo o que é engenharia matemática", disse.

Entretanto, em julho do ano passado, Leonardo Mathias toma a iniciativa de ir a Dublin para fazer uma apresentação.

"Chego com os responsáveis máximos dessas entidades e fazemos uma apresentação sobre os vários valores e estruturar a proposta como ela estava e aí entrámos na 'shortlist'", salientou.

"Sabia que o nosso maior concorrente era Amesterdão" e que a equipa "era gerida pelo próprio primeiro-ministro" holandês.

"Amesterdão queria ganhar a todo o custo e, portanto, as somas envolvidas e as alternativas de Amesterdão envolvidas chegaram a um ponto em que a certa altura eu próprio já não conseguia concorrer", confidenciou Leonardo Mathias.

Pelo meio surgiram situações engraçadas, como as dos escritores de códigos (de denominados 'coders') - "a grande comunidade de escritores de código situam-se ou na Cornualha ou em Santa Cruz, na Califórnia e, portanto, 80% a 90% são surfistas", contou.

Leonardo Mathias adiantou que houve um dia em que Paddy confidenciou que os 'coders' não queriam ir para Amesterdão porque não havia ondas, o que dava vantagem a Portugal.

E foi num almoço no Guincho, algures em agosto, no dia em que Paddy Cosgrave ia conhecer Paulo Portas, que o fundador da Web Summit telefonou ao primeiro-ministro irlandês a informar que a cimeira não iria realizar-se em Dublin e que Lisboa estava na 'shortlist'.

"Fiquei muito contente", o facto de Lisboa ter vencido "deve-se muito à noção estratégia e à visão" de Paulo Portas "porque se não fosse ele a dar o compromissio do governo, 50.000 euros e 'wi-fi' tínhamos desaparecido" e "à tenacidade e resiliência das equipas da AICEP e do Turismo de Portugal, do Turismo de Lisboa, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa", Fernando Medina.

"Foi um ótimo trabalho de equipa" e "não posso deixar de aqui, com toda a clareza, prestar homenagem ao apoio que foi dado por Fernando Medina", concluiu.

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