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"Ventura foi apanhado como um rufia do pátio da escola"

Francisco Louçã comentou o episódio em que o presidente da Assembleia da República interrompeu o deputado do Chega, quando este tecia comentários à comunidade cigana. O antigo coordenador do BE deixou ainda algumas críticas ao programa do Governo.

"Ventura foi apanhado como um rufia do pátio da escola"
Notícias ao Minuto

23:28 - 08/04/22 por Tomásia Sousa

Política Francisco Louçã

Francisco Louçã comentou o episódio, desta sexta-feira, no Parlamento, entre Augusto Santos Silva e André Ventura, comparando o deputado do Chega a "um rufia" apanhado no "pátio da escola".

O antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE) analisava, no espaço habitual de comentário às sextas-feiras na SIC Notícias, a discussão do Programa do XXIII Governo, quando recordou o momento em que o presidente da Assembleia da República repreendeu o deputado do Chega durante o seu discurso.

"O Chega não esperava que o presidente tivesse uma intervenção cortante sobre os princípios democráticos, portanto percebeu-se que Ventura foi apanhado como um rufia do pátio da escola", comparou o economista.

Louçã diz ter ficado surpreendido, também, com o Iniciativa Liberal que, "com a força com que chegou ao Parlamento, preferiu uma intervenção ideológica" nesta sua primeira oportunidade de intervir no plenário.

Moção de rejeição foi "enorme favor ao Governo"

Sobre a moção de rejeição ao programa do Governo, apresentada pelo Chega, que acabou por ser chumbada, Francisco Louçã considerou que a iniciativa foi até "um enorme favor ao Governo", já que pôs "toda a gente contra esse voto, que na verdade não tinha nenhum sentido no contexto de pós-eleições", defendeu.

Ainda assim, o comentador criticou que o Partido Socialista não tenha adaptado o seu programa à conjuntura internacional criada pela guerra na Ucrânia.

"Deveria ter sido substancialmente adaptado, e o próprio Primeiro-ministro reconheceu que assim devia ser porque, no discurso que veio fazer, antecipou medidas que de certeza vão estar no Orçamento do Estado, que quis pôr no debate do Programa do Governo mas não quis pôr no Programa do Governo", apontou. 

Louçã reconhece que "há medidas que são concretas, de curta duração", e que por isso não "tinham de estar necessariamente no Programa do Governo". Contudo, "o contexto novo da economia portuguesa e até do problema energético, da transição climática, das Relações Internacionais devia ter sido refletido e foi por preguiça e por arrogância de maioria absoluta que isso não aconteceu", criticou.

"Por isso o discurso voltou-se para medidas que preocupam as pessoas", acrescentou o comentador.

Ainda sobre a intervenção de António Costa, o antigo coordenador do Bloco entende que o Primeiro-ministro tratou "com alguma ligeireza" o choque de preços da energia.

"É verdade que é a energia que arrasta a evolução dos problemas. O problema não é um choque passageiro. Os preços da energia vão se manter mais altos porque vai haver restrições de importação de algumas fontes energéticas. Para alguns países vai ter muito impacto, para Portugal não vai ter tanto", apontou.

"Os salários perdem. E perdem da forma mais distorcida socialmente", refere o economista, que explica que a inflação tem de ser compensada com medidas sociais. "A inflação distorce os rendimentos contra os assalariados e contra os pensionistas, contra a grande maioria da população. Favorece aqueles que têm o poder de fixar os preços. Por isso é que há uma corrida das grandes superfícies que empurra a inflação."

E insistiu: "Perceber que, se é a energia que está a criar esta inflação, é a contenção dos preços da energia que pode limitar os seus efeitos". 

Leia Também: Chega fala em "censura". Presidente da AR pode interromper? Pode (e deve)

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