Ministério Público acusa Tony Carreira de plagiar 11 músicas
O Ministério Público (MP) acusou o cantor Tony Carreira de plagiar 11 músicas de autores estrangeiros, com a colaboração do compositor Ricardo Landum, também arguido, considerando que se "arrogaram autores de obras alheias" após modificarem os temas originais.
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País Justiça
As músicas 'Depois de ti mais nada', 'Sonhos de menino', 'Se acordo e tu não estás eu morro', 'Adeus até um dia', 'Esta falta de ti', 'Já que te vais', 'Leva-me ao céu', 'Nas horas da dor', 'O anjo que era eu', 'Por ti' e 'Porque é que vens' são as 11 canções alegadamente plagiadas, segundo o despacho de acusação do MP, proferida este mês e a que a agência Lusa teve hoje acesso.
"As obras descritas são exemplos da atividade ilícita do arguido Tony Carreira, o que resulta do confronto da obra genuína alheia com a obra supostamente criada pelo arguido, por vezes com a participação do arguido Ricardo Landum, sendo que tais obras foram analisadas através de perícia musical", sustenta o MP.
A acusação diz que pelo menos desde 2012 e até à data os arguidos "têm vindo a dispor de composições musicais alheias e da sua matriz, introduzindo-lhes alterações e arranjos como se fossem suas e sem que com isso tenham criado obras distintas, genuínas e íntegras".
"Os arguidos aproveitam a matriz de obras alheias, utilizando a mesma estrutura, melodia, harmonia, ritmo e orquestração e, por vezes, a própria letra de obras estrangeiras que traduzem, obtendo um trabalho que não é mais do que uma reprodução parcial do original, não obstante a introdução de modificações", explica a acusação.
Tony Carreira está acusado de 11 crimes de usurpação e de outros tantos de contrafação, enquanto Ricardo Landum, autor de alguns dos maiores êxitos da música ligeira portuguesa, responde por nove crimes de usurpação e por nove crimes de contrafação.
"Os arguidos publicaram e divulgaram trabalhos mesmo sabendo que se tratavam de meras reproduções, ainda que parciais, de obras alheias, sem individualidade própria, tendo representado a possibilidade de estarem a plagiar obras de outros artistas, e ainda assim conformaram-se com tal resultado", sublinha o MP.
A acusação relata que, "conhecedor da falta de consentimento para se apropriar de obras originais e de que apenas se limitou a modificar", Tony Carreira alterou a sua qualidade junto da Sociedade Portuguesa de Autores, de autor para adaptador, em relação a três músicas, 'quando foi confrontado com a inveracidade da autoria de trabalhos que havia registado anteriormente'.
Em causa estão as canções 'Depois de ti mais nada', 'Se acordo e tu não estás em morro' e 'Sonhos de menino'.
Em maio de 2013, acrescenta o MP, Tony Carreira "chegou a acordo com certas entidades que reclamaram os seus direitos e consequentemente assumiu a posição de adaptador ao invés de autor" quanto a estas três músicas, mas só depois de "confrontado com a falta de genuidade e de integridade das suas 'obras'''.
Em relação às restantes oito canções, Tony Carreira "insiste em apresentar-se como autor".
A acusação faz a comparação entre as pautas musicais dos 11 originais, indicando os autores e os respetivos intérpretes (na maioria obras e artistas franceses e latinos), e as supostas reproduções.
Indica-se, por exemplo, que 'Después de Ti...Qué' é uma música criada por Rudy Amado Perez, em 2000, e que terá dado origem a 'Depois de ti mais nada'.
A obra 'Me Muero', da autoria de Maria Graciela Galan e Joaquin Galan Cuervo, foi, segundo o MP, a base para a composição da música 'Se acordo e tu não estás eu morro', enquanto 'L'Idiot', de 1981, da autoria de Hervé Vilard e Henri Didier René, esteve na origem da criação do tema 'Sonhos de menino'.
Os autos tiveram origem com uma queixa-crime apresentada pela Companhia Nacional de Música, "uma referência no mercado editorial", que se dedica à edição de variados géneros musicais e à distribuição de editoras, segundo o MP. Nesta queixa é referido que o cantor Tony Carreira "se dedica à usurpação e plágio de obras de outros autores pelo menos desde 2012".
Ainda decorre prazo para que seja requerida a abertura de instrução. A investigação esteve a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Contactada pela Lusa, a advogada de Tony Carreira disse não ter comentários a fazer neste momento. A Lusa aguarda ainda resposta do advogado da Companhia Nacional de Música, assim como de Ricardo Landum.
Eis a lista das 11 músicas originais plagiadas pelos arguidos, segundo o MP, com a referência à canção apresentada por Tony Carreira:
- 'Después de Ti... Qué', criada por Rudy Amado Perez, em 2000 ('Depois de ti mais nada').
- 'Me Muero', da autoria de Maria Graciela Galan e Joaquin Galan Cuervo ('Se acordo e tu não estás eu morro').
- 'L'Idiot', de 1981, da autoria de Hervé Vilard e Henri Didier René ('Sonhos de menino').
- 'Tzigane', criada em 1993 por Jean-Michel Emile Claude Berriat e interpretada por Frédéric François ('Adeus até um dia').
- 'Toi qui manque à ma vie', criada por Julie Mabel Dolores Gaillard D'Aime e interpretada por Natasha St-Pier ('Esta falta de ti').
- 'Puisque tu pars', criada em 1987 e interpretada por Jean Jacques Goldman ('Já que te vais').
- 'Suddenly you love me', criada por Daniele Pace e Lorenzo Pilat e interpretada pelo grupo The Tremeloes ('Leva-me ao céu').
- 'City of New Orleans', criada em 1978 por Steve Goodman e interpretada por Willie Nelson ('Nas horas de dor').
- 'Regarde toi', criada por Jean-François Bernard Berger/Gray Felix e interpretada por David Charget ('O anjo que eu era').
- 'Je t´aime', criada e composta por Lara Fabian e Rick Allison ('Por ti').
- 'Ne viens pas', da autoria de Dean Landon e interpretada por Roch Voisine ('Porque é que ven
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