"Tal como ocorreu na quarta-feira e na manhã de hoje, agora no período da tarde também estiveram as ligações paradas a 100%. Não temos números exatos da adesão à greve, mas no período definido de greve não circulou nenhuma embarcação nas duas empresas", disse à Lusa Carlos Costa, do Sindicato dos Transportes Fluviais Costeiros e Marinha Mercante, afeto à Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).

Os trabalhadores das empresas estão a cumprir hoje o último dia de uma greve parcial de dois dias, de três horas por turno na Transtejo e duas horas por turno na Soflusa, que afetou as ligações, em especial nas horas de ponta da manhã e tarde.

Os trabalhadores contestam o facto de o Ministério das Finanças não ter aprovado o acordo, assinado em dezembro com as organizações de trabalhadores, para a renovação da contratação coletiva existente, bem como as condições da frota de navios e pontões.

Fonte da administração das duas empresas adiantou à Lusa que adesão à greve na Transtejo no período da manhã, entre a direção de operação e a direção de gestão comercial, foi de 86%, enquanto na Soflusa, no mesmo período, foi de 91%, não existindo ainda dados sobre o período da tarde.

A presidente do conselho de administração da Soflusa e Transtejo, Marina Ferreira, afirmou na quarta-feira à Lusa que vai trabalhar para resolver os problemas nas empresas, reconhecendo que o serviço de transporte fluvial se degradou.

"É necessário que o Ministério das Finanças descative as verbas do orçamento das empresas para se proceder à renovação e manutenção da frota. Estamos a tentar lutar contra o tempo e a procurar encurtar os prazos para que sejam lançados os concursos", explicou a presidente do conselho de administração.

A responsável anunciou ainda que vai efetuar uma reunião com todas as estruturas representativas dos trabalhadores na sexta-feira para tentar encontrar soluções.

Carlos Costa afirmou que, depois destes dois dias de greve parcial, vão marcar presença na reunião para tentar encontrar soluções para os problemas das duas empresas.

"Agora tudo vai depender do que se irá passar nas reuniões de sexta-feira e esperamos que sejam apresentadas propostas. A continuação ou não da luta depende do resultado das reuniões", afirmou o sindicalista.

Carlos Costa anunciou ainda que será apresentada uma queixa na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), considerando que existiram "comportamentos que tentaram condicionar ou impedir" os trabalhadores de fazer greve.

A reunião da empresa Transtejo está agendada para as 10:00, enquanto a da empresa Soflusa irá decorrer pelas 15:00, ambas na sede da empresa, no terminal fluvial do Cais do Sodré, em Lisboa.

A Transtejo é a empresa responsável pelas ligações do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão com Lisboa, enquanto a Soflusa faz a ligação entre o Barreiro e Lisboa.